“Eu sou Oscar, vulgo Pozinho, apelido que meus amigos de Garça, me deram por eu ser magro, cidade onde morei por seis anos. Hoje, morando em Bauru desde dezembro de 2002, afastado um pouco daqueles amigos que nas tardes e fins de semana encontrávamos lá no bar do seu Antônio, o Tonho, outro amigão, para falar de pescaria entre uns aperitivos e muitas mentiras.
E foi num desses encontros, em que eu e os amigos Gilberto, Donizete (Zeti) e seu filho inseparável Mandi, combinamos de pescar no dia seguinte, um sábado, após o almoço, lá no Sucuri, próximo ao Porto Ferrão, no rio Tietê. Já no sábado, após as 14h, lá vamos nós rodando os 100 quilômetros que separam Garça de Sucuri.
Assim que chegamos lá, acampamos nas pedras perto da ponte. Anzol na água e nada de peixe, ventava bastante. Como eu gosto de ficar um pouco afastado para não atrapalhar o companheiro, já estava escurecendo e em minha carretilha nada. Só que por causa do vento, tinha colocado uma chumbada na ponta da linha e um anzol n.º 12 a uns 60 centímetros acima da chumbada, foi quando resolvi verificar se ainda tinha isca no anzol. Nesse momento, senti que o anzol estava enroscado.
Aí comecei a forçar para desenroscar ou quebrar a linha, quando senti, de repente, aquela pancada da chumbada no peito e o anzol no olho esquerdo, entrando a ponta virada para fora, perfurando a pestana do olho esquerdo de dentro para fora.
Tentei tirar o anzol sozinho, mas não consegui. Chamei o Gilberto que veio correndo com uma lanterna fraquinha de luz, só que ficou com medo de tirar o anzol. Depois chamamos o Zeti, que, já com um alicate na mão, foi logo dizendo: ‘agüenta a dor, Pozinho, que eu vou tirar!’, e tirou!
Para não infeccionar, só tínhamos meia garrafa de pinga. Não deu outra! Uma lavada no olho e uma lavrada no estômago, e a pescaria continuou, só que na lanchonete do Sucuri, com muita gozação.”
Oscar Bezerra de Souza é contador de histórias.