Economia & Negócios

Bingo volta a funcionar com liminar da Justiça em Bauru

Gabriel Garcia
| Tempo de leitura: 3 min

O juiz José Francisco da Silva Neto, da 3.ª Vara da Justiça Federal de Bauru, concedeu liminar no início da tarde de ontem autorizando o Bingo Royal a retomar suas atividades. A decisão salvou o emprego de 45 pessoas que continuavam vinculadas à empresa - pelo menos até a votação no Câmara dos Deputados da Medida Provisória (MP) 168, que determinou o fechamento das casas, em 21 de fevereiro. De acordo com o gerente do bingo, Régis Coelho da Silva, antes da reabertura das portas ontem, às 15h, já havia pessoas esperando para jogar.

A liminar concedida pela Justiça Federal de Bauru acompanha decisões semelhantes que começam a surgir em outros municípios do País. Em Jaú, o Bingo Barão obteve autorização para funcionar no dia 30 de março. Em Bauru, o argumento para a concessão da liminar é semelhante ao que ocorreu em Jaú: o fechamento das casas por meio de uma MP é inconstitucional.

Com o bingo de portas abertas novamente, diminui-se o risco de demissão em massa no setor, que ainda abrigava cerca de 150 pessoas na cidade até a última semana. Outros dois bingos de Bauru também ingressaram na Justiça com pedidos de liminar, mas ainda não houve decisão.

De acordo com o gerente Silva, hoje, às 9h, as máquinas eletrônicas (conhecidas como caça-níqueis) devem voltar a funcionar. Embora bastante satisfeito com a liminar - cujo pedido foi feito na sexta-feira -, o gerente sabe da fragilidade da autorização. “A gente pode trabalhar tanto uma semana quanto um mês ou um ano. Vai depender da mobilização em Brasília”, diz.

O advogado Wagner Aparecido Santino, um dos autores do pedido, também reconhece que a decisão é bastante instável, embora acredite que a liminar seja mantida até uma definição do governo federal.

Depressão

Para os freqüentadores dos bingos, idosos em sua maioria, o que importa é que as bolinhas numeradas voltaram a correr. “Foi duro ficar sem o bingo. Tive que dormir mais cedo esses dias”, conta Leni Batistella Guefe, 70 anos, que afirma ganhar mais do que perder no jogo. Mesmo assim, diz, o bingo não é um vício. “Eu venho cedo e fico um pouquinho. Depois, de noite eu saio para dar uma voltinha, entro aqui, fico um pouquinho e vou embora”.

Outra freqüentadora assídua do bingo, Aparecida Maria Alves, 61 anos, afirma também que sentiu muita falta da diversão. “Tive de apelar para as loterias. É duro ficar sem jogar aqui, estava dando até depressão”, diz. Mas completa: “Sabendo jogar, não vicia. Eu não tiro dinheiro de casa para jogar, só o que ganho aqui mesmo”.

O gerente do bingo conta que, assim que soube da decisão favorável, telefonou para clientes antigos da casa para informar sobre a reabertura. As ligações, a propaganda boca a boca e o cartaz na porta garantiram salão cheio. Sorte dos funcionários, que até ontem pela manhã estavam sobre risco de desemprego.

Entre os vendedores de cartelas (ao custo de R$ 1,00 a série), o comentário era de que ninguém mais agüentava ficar em casa. Isso além da garantia de emprego por mais algum tempo e das caixinhas, que podem elevar o salário fixo de R$ 500,00 para um rendimento mensal de até R$ 1.500,00.

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