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Dr. Automóvel: Computador de bordo

Consultoria: Marcos Serra Negra Camerini*
| Tempo de leitura: 4 min

Quem não gosta de contar para os outros que seu carro tem computador de bordo no painel do seu carro? Mesmo que não se saiba usá-lo em todo seu potencial, gostamos de contar com ele embelezando o painel de seu bólido. O que muitos não sabem é que hoje em dia quase todo carro tem um ou vários computadores espalhados pelo carro, não apenas no painel, controlando diversos sistemas do veículo. Da mesma forma que o contagiros, ao qual já nos referimos anteriormente, o computador de bordo pode nos dar diversas informações importantes. Os mais simples mostram relógios de horas e de tempo de viagem, consumo imediato e médio de combustível e odômetros total e parcial. De que forma isso é feito?

As informações são coletadas através de sensores espalhados pelo carro, seja pelo motor, painel, suspensão ou qualquer outro conjunto. Importante é que o computador de bordo tenha um relógio interno próprio, memória e um banco de dados para servir de base para seus cálculos. O odômetro total é mostrado no velocímetro e o parcial é obtido por cálculo, subtraindo-se o valor de quilometragem guardado na memória por ocasião do último reset e o valor atual total percorrido. A diferença é o trecho percorrido desde então. Com relação à velocidade informada, esta pode ser a instantânea, a máxima ou a média. Para mostrar a velocidade instantânea, o computador coleta a informação diretamente do velocímetro. A velocidade máxima é retirada de seu banco de dados, mostrando o máximo valor atingido desde o último reset do sistema. Já a velocidade média da viagem precisa de um pouco de cálculo. Basta dividir o valor em quilômetros parciais percorridos pelo tempo de viagem. Tudo isto é feito instantaneamente quando pressionamos a função desejada no menu.

Para as informações referentes ao consumo de combustível, precisamos de mais dois sensores específicos, um na bóia do tanque e outro de fluxo, na linha de combustível. A bóia do tanque deve ser sensível o suficiente para indicar de forma precisa o volume total em litros de combustível que há no tanque. Este valor vai direto para o computador de bordo. O sensor de fluxo indica quanto combustível passa por ele naquele instante, o que corresponde ao consumo instantâneo em litros por tempo (pode ser segundos, minutos ou horas). Se combinar alguns dados e fizer umas continhas simples, o computador nos dará informações importantes como, por exemplo, dividindo o consumo instantâneo pela velocidade instantânea, teremos o consumo em quilômetros por litro naquele momento, que nos é um valor mais palpável. Alguns computadores de bordo mais completos apresentam outros dados também facilmente coletados. Sabendo-se o valor obtido da velocidade média e o volume residual de combustível do tanque, o computador pode dividir um pelo outro e obter uma estimativa da autonomia do veículo com aquele combustível, fato importante para a segurança contra uma pane seca. Muitos outros cálculos são possíveis baseados nestes poucos dados de entrada. Se digitarmos o total estimado de quilômetros para uma determinada viagem, por exemplo, o que alguns computadores de bordo mais sofisticados permitem, o computador pode dividir esta distância pelo valor da velocidade média e teremos o tempo estimado de viagem. Da mesma forma, sabendo-se o tempo decorrido de viagem até o momento pelo relógio interno do computador, basta subtrair do tempo estimado total para obtermos o tempo restante de viagem, e por aí vai.

Outros computadores espalhados pelo veículo atuam de forma semelhante, computando dados coletados por sensores. O sistema de injeção de combustível coleta dados de temperatura do ar, pressão de combustível, vazão de ar, posição do acelerador, volume de oxigênio nos gases de escape, rotação e temperatura do motor, dentre outros, processa-os de acordo com um software adequado e libera um volume ideal para ser injetado nos cilindros naquele instante, e refaz os cálculos mais de mil vezes por segundo para estar sempre atualizado e otimizado. Por isso que um motor injetado tem mais potência e é mais econômico do que um carburado equivalente. Equipamentos eletrônicos microprocessados podem interagir como desligar ou abaixar o áudio quando o celular tocar, sistemas de navegação por satélite (GPS) e muito mais.

Os computadores entraram em nossos carros para não saírem mais.

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* Marcos Serra Negra Camerini é engenheiro mecânico formado pela Escola Politécnica da USP, pós-graduado em administração industrial e marketing e engenharia aeronáutica, com passagens como executivo na General Motors (GM) e Opel. Também é consultor de empresas e é diretor geral da Tryor Veículos Especiais Ltda. Seu site é www.marcoscamerini.com.br.

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