O advogado Guilherme Goffi de Oliveira e o representante de laboratório farmacêutico Dalton Araújo Pereira, presos em Bauru na última segunda-feira durante a operação “Garra Rufa”, que apura fraude na obtenção de remédios caros oferecidos pelo Estado, decidiram ontem que só irão manifestar-se sobre o caso em juízo. Adotou a mesma estratégia o representante comercial de Ribeirão Preto Fábio Marti, que até o fechamento dessa edição continuava na Delegacia Seccional de Marília.
Antes, passaram por lá a presidente da Associação dos Portadores de Vitiligo e Psoríase do Estado de São Paulo, Luci Grassi, e a secretária da entidade, Ivonete Aparecida Lima. Elas prestaram depoimento, assim como fizeram no dia anterior o médico dermatologista e clínico geral Paulo César Ramos e a advogada Fabiana de Castro. Já o representante comercial Márcio Pancica também optou pelo silêncio, segundo apurou o jornal O Diário de Marília.
A falta de acesso às provas do inquérito policial teria resultado nessa estratégia por parte da defesa. “O juiz indeferiu a vista de alguns documentos. Ele dificultou um pouco o andamento. Também estão usando documentos que foram apreendidos na segunda-feira, que não tivemos acesso”, explica Thiago Luís Rodrigues Tezani, advogado de Pereira. A expectativa dele era que seu cliente, assim como os outros dois acusados, comparecesse ainda ontem à noite à presença dos delegados.
Já na Seccional havia rumores de que o deslocamento dos suspeitos seria transferido para hoje por conta do horário, conforme a reportagem apurou. Por enquanto, oito pessoas continuam presas em virtude da ação desencadeada pela Polícia Civil de Marília em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde.
Prisão domiciliar
Na segunda-feira, foram cumpridos nove mandados de prisão, sendo que em seguida os delegados optaram por liberar Wilson Afonso Godoi. Trata-se de um homônimo de um funcionário de laboratório. Por essa razão, há indícios de que podem ocorrer outros mandados de prisão. Eles partiriam de Quatá, onde a Justiça negou pedido de prisão domiciliar ao advogado de Bauru Guilherme Goffi de Oliveira. Até ontem à tarde, ele permanecia preso numa carceragem em Promissão. Ao confirmar que falarão apenas em juízo e, portanto, com o fim dos interrogatórios, os presos deverão ser deslocados para uma mesma prisão, em local não divulgado, informa O Diário de Marília.
Com a conclusão das oitivas mais cedo, a polícia deve relatar o inquérito antes da previsão inicial. Conforme o JC divulgou, os oito são suspeitos de integrar uma quadrilha que patrocinava ações judiciais para forçar o Estado a comprar medicamentos de alto custo, fora da lista de distribuição gratuita. Entre eles, o Enbrel. O remédio pertence ao laboratório Wyeth e não a Boehringer Ingelheim, conforme a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde informou erroneamente à reportagem. Até agora, o valor confirmado do “prejuízo” provocado pelo grupo está estimado em R$ 900 mil. Os envolvidos na fraude receberiam dinheiro dos laboratórios.
Mas esse tipo de esquema já teria provocado sangria de R$ 63 milhões aos cofres públicos estaduais.