O porteiro de um motel de Bauru, situado na Vila Industrial, foi baleado durante um assalto ao estabelecimento, ocorrido ontem de madrugada. A vítima, Marcos Natal Ferreira da Cruz, 43 anos, foi atingida com um tiro de revólver nas mãos, quando estava deitado no chão da portaria, onde foi mantida sob ameaça ao lado de outros três funcionários do estabelecimento.
Dois homens, que haviam entrado como clientes no motel Kibutz, renderam funcionários e anunciaram o assalto. Eles levaram um cofre, com valores ainda não divulgados, além de R$ 500,00 do estabelecimento.
Posteriormente, foi confirmada a participação de uma terceira pessoa, que, de acordo com a Polícia Civil, seria Irani Barbosa da Silva Morimoto, 38 anos, presa ontem pela equipe anti-roubos da Delegacia de Investigações Gerais (DIG).
O roubo aconteceu por volta de 4h30. De acordo com relatos de testemunhas, os falsos clientes faziam grande barulho no quarto onde estavam. A gritaria, narra uma camareira que pediu para que sua identidade fosse mantida em sigilo, indicava cantoria e consumo de bebidas.
No momento em que passava no corredor, a funcionária foi rendida pelos bandidos, que estavam armados com revólveres. “Eles (ladrões) cantavam e gritavam na suíte”, comenta a vítima, afirmando que, apenas mais tarde, observou a presença de uma terceira pessoa no assalto. “Disseram que era assalto e mandaram que ficássemos deitados no chão da portaria”, narra a funcionária, refém junto a outra camareira e dois porteiros.
Enquanto as vítimas eram rendidas, os ladrões retiraram o cofre e o dinheiro que estava fora do porta-valores. Segundo a camareira, os homens armados apresentavam comportamentos distintos no momento do assalto. “Um deles estava muito agitado”, observa, sobre o assaltante que atirou no porteiro.
Ela, que não recorda se os bandidos estavam encapuzados ou não, alega desconhecer o motivo do disparo que atingiu o funcionário, alvejado quando estava deitado no chão, com as mãos entrelaçadas na nuca. “Enquanto um (ladrão) estava nervoso, o outro permanecia mais calmo”, recorda, dizendo que o assaltante mais “ponderado” chegou a chamar a atenção do comparsa após o disparo. “Não sei onde ele queria acertar o tiro, se era para pegar em algum lugar ou matar”, aponta a testemunha.
Após manter os funcionários reféns por pouco mais de uma hora, o trio fugiu em um Fiat Uno. Uma testemunha anotou a placa do veículo, informação vital para a prisão da acusada, efetuada ontem de manhã, numa residência do Núcleo Mary Dota.
Prisão
Quando a Polícia Civil chegou à residência, notou que a placa do carro de Irani Barbosa da Silva Morimoto estava coberta com um tapete. A acusada, detalha o delegado Cledson Luiz do Nascimento, chefe da equipe anti-roubos da DIG, apesar de admitir que estava no motel durante o roubo, alegou ter sido vítima de seqüestro. “Ela disse ter sido seqüestrada por dois homens quando estava na avenida Rodrigues Alves, que dormiu no motel e foi liberada”, comenta o policial, afirmando que a versão da acusada não é convincente.
A alegação de Irani, que foi recolhida à Cadeia Feminina de Avaí por força de um mandado de prisão temporária expedido ainda ontem à tarde pela Justiça, também não convenceu a polícia face os objetos apreendidos em sua residência. Além de um capuz, provavelmente utilizado no assalto, os policiais ainda encontraram três celulares e correspondências, que, de acordo com a equipe de investigação, conteriam mensagens trocadas por integrantes de uma facção criminosa, além do tíquete de entrada no motel roubado.
Por sua vez, a acusada diz que, em dado momento, foi liberada pelos assaltantes, que, segundo disse à polícia, tiraram o cofre do porta-malas de seu veículo e a deixaram ir embora. O pedido de prisão preventiva encaminhado à Justiça acusa Irani por tentativa de latrocínio. A acusada, segundo a DIG, com passagens anteriores pelos crimes de estelionato e maus-tratos, permanecerá detida, em princípio, por 30 dias.
A polícia ainda procura pelos dois homens envolvidos no assalto. Até o final da tarde de ontem, não havia sido encontradas armas, o cofre e tampouco o dinheiro roubado. A vítima está fora de perigo.
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Em cinco dias,dois assaltos
O assalto ao motel ontem foi o segundo do gênero em Bauru em cinco dias. No sábado, quatro homens armados roubaram quase R$ 9 mil em jóias e dinheiro, que estavam no escritório do Eros Motel, na rodovia Bauru-Jaú. Na ocasião, os acusados do roubo acabaram presos por policiais militares, no mesmo dia do crime.
Apesar da semelhança, o delegado Cledson Nascimento, da DIG afirma que ainda é precoce para estabelecer uma relação entre os casos. Entretanto, o policial diz que não pode ser descartada a possibilidade de um mesmo grupo estar agindo em grandes roubos, principalmente com a retirada de cofres, verificados recentemente na região.