Bairros

Bauru-Ipaussu: duplicação até Lago Sul

Rodrigo Ferrari
| Tempo de leitura: 5 min

Considerado um dos mais perigosos da região, o trecho urbano da rodovia Engenheiro João Baptista Cabral Rennó (SP-225), que liga Bauru a Ipaussu, deverá ser duplicado ainda este ano. A informação foi divulgada ontem pela manhã, durante entrevista coletiva concedida à imprensa local pelo presidente da Concessionária Auto Raposo Tavares (Cart), Ricardo Schittini Duarte, que administra a via. Após obter uma autorização da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), a concessionária iniciará obras, primeiramente, entre o trevo da Eny e a saída da avenida José Vicente Aiello, defronte ao condomínio Lago Sul.

O trabalho de duplicação está previsto para começar no segundo semestre. A Cart também solicitou à Artesp autorização para instalar vias marginais ao longo da rodovia, a fim de desviar da autoestrada o tráfego urbano. “Aquele trecho está mais perigoso a cada dia que passa, pois, na prática, está sendo usado como avenida pelos motoristas”, constatou Schittini.

No último dia 13 de fevereiro, um homem morreu após capotar com seu Fiat Elba no trecho urbano da SP 225. O veículo saiu da pista de rolamento e despencou de um barranco com aproximadamente dois metros de altura. O motorista mal teve tempo de ser atendido pelas equipes de resgate. Acabou morrendo no próprio local do acidente.

Além da duplicação, Schittini anunciou, ontem, a instalação de terceiras faixas em diversos pontos da rodovia Bauru-Ipaussu. Ele não soube especificar quais setores receberiam a intervenção, mas garantiu que serão investidos R$ 18,3 milhões nas obras, que são executadas preferencialmente nas subidas (aclives), para que os veículos mais pesados tenham uma faixa exclusiva, liberando a fluidez do tráfego na pista principal.

Além disso, ele anunciou o recapeamento de 51,8 quilômetros de pistas da João Cabral Baptista Rennó. Inicialmente, o trabalho de recuperação ocorrerá entre os quilômetros 246 e 260, próximo à praça de pedágio de Piratininga.

Juntamente com a parte que corta a área urbana de Bauru, o segmento em questão pode ser considerado um dos mais críticos da SP-225. Além do acidente mencionado anteriormente, o trecho entre Piratininga e a rodovia Marechal Rondon foi cenário de outras três tragédias só este ano - entre elas a colisão entre um Ford Focus e uma carreta Iveco, ocorrida anteontem, no quilômetro 262, que resultou na morte de um rapaz de 28 anos.

A Cart foi criada em outubro do ano retrasado, para disputar a concorrência para administração das rodovias do Corredor Raposo Tavares. Sua sede, inaugurada oficialmente ontem, funciona na avenida Getúlio Vargas, zona sul de Bauru. O anúncio do plano de investimentos para os próximos anos (que perfazem um total de R$ 228 milhões) foi precedido por um café da manhã “solene”, que contou com a presença dos comandos da Polícia Militar (PM) na região, além do prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB).

Radares

As iniciativas visando o aumento da segurança na SP-225 não ficarão restritas aos aspectos físicos da via.

“A verdade é que, infelizmente, quanto mais você melhora as condições de uma rodovia, mais os motoristas transgridem a lei”, ponderou Ricardo Schittini Duarte. Para tentar conter os excessos cometidos pelos motoristas, a Cart já iniciou estudo para redução dos limites de velocidade em vários pontos da rodovia. Para entrar em vigor, as mudanças de sinalização dependem do aval do Departamento de Estradas de Rodagem (DER).

A empresa também solicitou à Polícia Rodoviária que reforce a fiscalização em todas as vias que integram a malha concessionada. A Cart irá adquirir radares e câmeras de monitoramento, que serão cedidas ao DER e à Polícia Rodoviária (somente esses dois órgãos têm o poder de fiscalizar rodovias). Três desses equipamentos encontram-se em funcionamento desde ontem, sendo dois radares fixos - instalados no quilômetro 304 (sentido oeste) da SP-225 e no quilômetro 19 (também sentido oeste) da rodovia SP-327 (sequência da João Cabral Baptista Rennó até Ourinhos) - e um estático, que operará ao longo de todo o sentido leste da SP-327.

Atualmente, a concessionária conta com um frota de dez veículos de inspeção de tráfego, cinco unidades de terapia intensiva (UTIs) móveis, sete ambulâncias de resgate, 18 guinchos. Schittini anunciou para breve a instalação de pontos de apoio a caminhoneiros e motoristas de ônibus. Nos locais, seria oferecido atendimento básico em saúde a esses profissionais.

____________________

Empresa vai administrar parque ecológico

Para garantir que a Concessionária Auto Raposo Tavares (Cart) mantivesse em Bauru central de operações - responsável, segundo dados oficiais, por arrecadar em torno de R$ 20 milhões anuais para os cofres do município, além de gerar cerca de 580 empregos diretos na cidade - o prefeito Rodrigo Agostinho cedeu à empresa uma área de aproximadamente 40 mil metros quadrados, no entroncamento das rodovias Bauru-Ipaussu (SP-225) e Marechal Rondon (SP-300), próximo ao trevo da Eny.

Além da central de operações, o local abrigará um parque ecológico, onde a Cart pretende desenvolver atividades voltadas à educação ambiental, bem como a conscientização no trânsito. “Aquela área vinha sofrendo constantes agressões, devido aos incêndios que costumam ocorrer às margens da rodovia”, explicou Rodrigo.

A área será batizada (provisoriamente, pelo menos) de Parque Ecológico Cart e será totalmente aberta à população. O presidente da concessionária, Ricardo Schittini Duarte, aproveitou a entrevista coletiva, concedida ontem de manhã na sede da empresa, em Bauru, para anunciar outro projeto de preservação ambiental: o “Rodovia Viva”, que pretende cultivar árvores nativas, às margens de todas as auto-estradas administradas pela Cart.

Durante a coletiva, Schittini admitiu que a duplicação de toda a extensão da SP-225 deverá demorar para sair do papel, por conta, justamente, da questão ambiental. “Nossa área é muito rica em trechos de mata e áreas de manancial. Por isso, precisamos fazer um esforço no sentido de minimizar os impactos sobre esse importante patrimônio”, salientou.

Como possíveis projetos dependem de licenças ambientais (que costumam demorar para ser emitidas), a Cart evita fazer previsões sobre quando ocorrerá a duplicação de toda a SP-225.

Comentários

Comentários