São Paulo - Na mochila dos alunos do ensino médio da Escola Estadual Madre Paulina, no Itaim Paulista (zona leste de SP), os cadernos e as apostilas dividem espaço com minicaixas de som e pen drives, ao menos uma vez por mês. É o dia do baile funk.
A unidade foi a que obteve a pior pontuação em língua portuguesa entre os alunos do 3.º ano do ensino médio no Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp 2010).
O ranking foi elaborado pela reportagem a partir dos boletins fornecidos pelo governo estadual. Com 230 pontos, a Madre Paulina está no nível abaixo do básico ou insuficiente.
No colégio, é comum haver música alta dentro das salas, e em período de aula. São os alunos que fazem a seleção e determinam o horário da festa, que pode ocorrer de manhã ou à noite.
Os professores reclamam, mas não conseguem evitar, dizem os estudantes. Policiais que fazem ronda na região confirmam a prática e denunciam outros atos de indisciplina, como consumo de drogas, brigas entre gangues e até rebelião.
A escola é conhecida como a "Febem do Itaim". O visual do prédio colabora para o apelido: placas de aço protegem as janelas de vidro, constantemente quebradas.
A Secretaria de Estado da Educação não autorizou a entrada da reportagem na unidade. Alunos relataram, porém, diversos problemas estruturais, como cadeiras e mesas quebradas, ausência de portas nos banheiros e buracos na quadra de esportes.
Melhor em português inova
São Paulo - Professores dedicados, que levam conteúdos novos à sala de aula, muito além daquele proposto pelo governo do Estado, são apontados como os principais responsáveis pelo bom desempenho da Escola Estadual Ibrahim Nobre no Saresp 2010.
O 3.º ano do ensino médio da unidade, localizada na região de Campo Grande, na zona sul da Capital, registrou a melhor pontuação de língua portuguesa entre as escolas estaduais da cidade no exame aplicado pela Secretaria de Estado da Educação para avaliar estudantes de escolas públicas e privadas.
Com 301,7 pontos, a escola ficou muito acima da média das demais escolas da rede estadual, que tiveram 265,7.
Para os alunos e para a direção da escola, o sucesso se deve ao empenho dos professores e ao comportamento dos estudantes. "Em outras escolas onde estudei, o professor passava a matéria na lousa e se sentava. Aqui, eles se esforçam para explicar e ainda fazem brincadeiras para tornar a aula mais descontraída", diz Henrique Garcia, 15 anos, do 1.º ano do ensino médio.
Para a direção da escola, o fato de a maioria dos professores ser de efetivos e morar na região os mantêm na escola por um período maior, incentivando, assim, um trabalho mais aprofundado. Além do empenho dos docentes, a inexistência de problemas graves relacionados à disciplina e à violência também são apontados como trunfos da escola.