Bairros

Marmitas: sem desculpas para não se alimentar bem

Wanessa Ferrari
| Tempo de leitura: 7 min

Prática e saudável


Oferecer uma alimentação balanceada, de baixo custo, prática e livre de agrotóxicos. Essa é a proposta de Leila Aparecida Vital Otutumi, proprietária da loja de produtos orgânicos Frutos da Natureza, que há cerca de cinco meses incorporou às atividades de seu comércio a venda de marmitas todas as sextas-feiras.


A ideia, segundo ela, é mostrar que é possível alimentar-se com qualidade, mesmo em meio a correria rotineira à qual a maiorias dos bauruenses está submetida. É uma opção para quem precisa comer fora de casa. Por enquanto, oferecemos essa opção somente às sextas-feiras, porque é o dia que recebemos os alimentos frescos vindos da vizinha Botucatu. Mas pretendo ampliar os dias, conta ela.


No cardápio, arroz integral orgânico, um tipo de grão ou leguminosa também orgânico, muita salada temperada no azeite e com pouco sal, além de uma mistura orgânica e vegetariana, como escondidinho de mandioca, torta ou carne de soja.


É uma comida balanceada, que supre todas as necessidades nutricionais da pessoa. E o melhor: sem agrotóxico, ressalta. Cada marmita pesa em torno de 550 gramas e custa R$ 10,00 para buscar na loja e R$ 12,00 pra entrega. (WF)




Boa e velha marmita


Há pouco mais de um ano o fogão da casa de Rosemarie Leite Capinzaiki deixou de ser um objeto de tortura e passou a ser visto como um divertido passatempo. Isso porque, atualmente, ela só o utiliza quando sente vontade e não por obrigação. A santa” que fez o “milagre” da transformação do vilão em mocinho tem nome: chama-se marmita.


“Antes eu precisava cozinhar todos os dias, ficar atenta aos horários, pensar no cardápio, fazer supermercado, entre outros afazeres típicos de quem faz comida em casa. Agora, com a marmita, estou livre de todas essas obrigações, comenta.


Para ela, o preço pago por uma marmita tamanho família, capaz de alimentar três adultos, compensa pelos benefícios e pela despreocupação.


Meu filho mora comigo e tem muitos horários a cumprir, além disso, precisa de alimentação saudável. Com a marmita, não me preocupo mais com o que vou cozinhar e que horas terei de terminar”, frisa.


Mas para garantir que pedir marmitas diariamente seria uma opção saudável, Rosemarie pesquisou diversas marmitarias.


Acabei optando por uma rotisserie que oferece refeições lights e que os alimentos venham separados na marmita. Não me arrependo. Cozinhar, agora, só por prazer”, conta.




Opção light


Em média 400 calorias. Esse é a quantidade que quem opta pela marmita light deixa de consumir ao trocar frituras, massas e carnes de porco por grelhados, salada e grandes porções de verdura e refogados.


A opção faz sucesso entre quem precisa comer de marmita diariamente e faz questão de manter o peso e a saúde em dia.


Sabemos que a marmita é uma opção prática e barata, excelente para quem não tem tempo de almoçar em casa ou preparar sua própria refeição. Sendo assim, o cardápio light vem ao encontro de quem não abre mão de se alimentar bem sem exagerar nas calorias, explica Janaína de Godoy, nutricionista e proprietária da Rotisserie Malagueta.


De acordo com ela, uma marmitex light pode ter até 400 calorias a menos que a normal.  A normal tem, em média, 1.200 calorias. Já a light não passa de 850 calorias, afirma.


O segredo está na substituição do macarrão, da polenta, da batata frita, do bife ou da carne de porco fritos, entre outros alimentos gordos ou banhados no óleo, por grelhados, salada, refogados e frutas.


“Cerca de 40% dos clientes opta pela marmitex light”, cita Janaína. A marmita normal do tamanho pequeno custa R$ 6,00. Já a light sai R$ 0,50 mais caro.




Planejamento e logística


Conforto, praticidade e ter uma alimentação saudável são os principais motivos que levam as pessoas a optarem por pedir marmitex sempre que, por algum motivo, não podem almoçar em casa.


O que pouca gente se lembra, principalmente na hora da fome, é que para atender a ocasiões como estas, é preciso um grande planejamento e todo um trabalho de logística por parte das marmitarias.


Em algumas delas, as refeições começam a ser preparadas logo cedo, às 6h da manhã. Por volta das 9h, os primeiros pedidos começam a chegar. Às 11h o volume de ligações se intensifica e as primeiras entregas são feitas. O movimento só diminui por volta das 14h, quando a fome da maioria das pessoas já foi embora.


Além de todo o planejamento no preparo e para recepcionar os pedidos, as marmitarias precisam contar com a agilidade e o conhecimento geográfico dos entregadores. Inês Goes, 52 anos, trabalha há 4 anos entregando marmitas e marmitex. Ela conta que para dar conta do serviço divide as entregas por regiões.


Procuramos reunir os pedidos de determinadas regiões e fazer uma única viagem. Isso agiliza bastante o serviço. Mas, para que essa tática funcione, é preciso programação. Quem pede marmita já sabe que é necessário um tempo entre o pedido e a entrega”, explica.


No começo, a principal dificuldade de Inês foi a localização geográfica. Para não se perder, ela costuma levar a tiracolo um mapa da cidade. Temos de ser ágeis e, ao mesmo tempo, prezar por nossa segurança. Por isso, não podemos nos dar ao luxo de não saber onde fica determinada rua, conta.


Nos dias de chuva, o planejamento é ainda maior. Inês costuma chegar mais cedo ao serviço. Com chuva, aumenta o movimento e é preciso andar com mais cautela pelas ruas. Por isso, chego sempre mais cedo”, relata.




Tradição familiar


Em média, 500 refeições por dia. Este é o movimento alcançado pela Rotisserie Nossa Senhora Aparecida, localizada na Vila Alto Paraíso. Achou muito? Pois saiba que para chegar a números tão expressivos os proprietários do local trilharam um caminho que já dura 15 anos.


Tudo começou quando dona Thereza da Silva Raphael e sua filha Edméia Aparecida Raphael decidiram transformar o bar de propriedade da família em um local para vender marmitas e frango assado aos finais de semana.


Era uma portinha bem pequena e elas faziam apenas o marmitex padrão. Com um ano de vida, a rotisseria vendia cerca de dez marmitex por dia. Naquela época, o que nos sustentava eram as empresas, que tinham parceria conosco, explica Everaldo Antônio Raphael, filho de dona Thereza.


Após seis anos, Everaldo Antônio decidiu vender um caminhão que tinha para investir na rotisseria. Com tempo e calma, o local ganhou muitos clientes e tornou-se um dos mais tradicionais da cidade. O segredo?


Manter o tempero da minha mãe e da minha irmã. Hoje, além de nós três, trabalham aqui mais dois sobrinhos, meu filho, seis funcionários e cinco mototaxistas. Mesmo assim, o tempero permanece o mesmo”, explica.


No cardápio, saladas, legumes, diversos tipos de carne e, às quartas e aos sábados, feijoada. Nos fins de semana, ainda há a opção de incrementar a refeição com porções extras de assados, como frangos, costela, maionese e joelho de porco.


Antes nós pensávamos que ter preço e promoções era o principal para a vida saudável de um negócio. Hoje, vejo que estávamos enganados. O principal é a qualidade, conclui.




Do modo antigo


Sete conchas de feijão, algumas colheres de arroz e um pouco de carne, ovo, ou qualquer outro tipo de mistura. Esses são os ingredientes que compõem a marmita do porteiro Paulo César de Souza, 43 anos.


Desde que começou a trabalhar, Paulo tem o hábito de levar comida de casa. A justificativa para isso é muito simples. Em que restaurante eu encontraria uma marmita com sete conchas de feijão?, brinca.


Mas não é somente a quantidade do grão que faz com que o porteiro opte pela tradicional quentinha. O tempero caseiro, a qualidade no preparo do alimento, a economia e a praticidade também contam.


Por mês, além das misturas, Paulo consome, sozinho, dez quilos de feijão e cinco quilos de arroz, juntamente com a esposa. Gasto aproximado de R$ 150,00.


Eu como bem, por isso, se tivesse de pedir marmita, precisaria de duas do tamanho normal, ou seja, gastaria cerca de R$ 15,00 por dia com refeições. No fim do mês, um total de 300,00. O dobro do que gasto atualmente, calcula.


Mas para isso, ele ou a esposa preparam o alimento durante a noite, armazenam em geladeira e, no dia seguinte, Paulo leva para o serviço, com o tradicional embrulho de guardanapo.


Já estou acostumado assim. Não acho que dá trabalho. Já de noite, janto em casa. Aí como a mesma quantidade que a do almoço, com o aditivo da salada, completa.

 

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