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Madonna: a inspiração do grafiteiro Binho Ribeiro


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Um dos pioneiros da arte de rua no Brasil e no exterior, o paulistano Binho Ribeiro, 41 anos, não só é apaixonado pela cultura da grafitagem, do skate e do hip hop como também se interessa pelo campo empresarial e já trabalhou como jornalista e editor de algumas publicações brasileiras e estrangeiras.

O grafiteiro está empenhando com a pintura de um mural com a trajetória da cantora Madonna, como abertura para o projeto Keep Walking, Brazil, no Museu da Imagem e do Som (MIS).

Apadrinhado pela pop star e patrocinado pela marca Johnnie Walker, o evento tem curadoria do artista, que vai ministrar, durante o mês de outubro, workshops para novos artistas de rua.

Um desses amadores será o autor da obra escolhida pela própria Madonna para estampar seu novo single, cheio de remixes, que será lançado nos shows no Brasil, em dezembro.

Reportagem - Como começou seu envolvimento com a cultura de rua?

Binho Ribeiro - Eu desenho desde criança. Aos 14 anos, eu andava de skate e dançava break. Foi muito natural para mim. Na minha geração, o simples fato de você não jogar bola ou não curtir MPB já era um sinal de protesto. Imagine, então, o que significava seguir estas culturas, que ainda eram consideradas diferentes. Minha formação como desenhista, aliada a toda a cultura dos anos 1980, me influenciou bastante na liberdade de criar meu próprio caminho. Sempre trabalhei como ilustrador, desenhista e em diversas produções ligadas ao universo de arte e do jornalismo.

Reportagem - Como aconteceu o seu envolvimento nesse projeto?

Binho - O time de Johnnie Walker no Brasil me convidou para ser o curador do projeto, o que me deixou muito feliz. Vou comandar quatro vivências artísticas (uma por fim de semana) sobre arte urbana para 30 artistas de rua que vão participar do projeto. Além disso, abro o projeto com a pintura de um mural de 8m por 2,5 m na fachada do museu, sobre a trajetória de Madonna. Gosto muito de ensinar novos artistas. Meu objetivo será fazer com que cada um desses 30 artistas de rua tenha uma curadoria dentro do próprio trabalho deles. A ideia é proporcionar um amadurecimento artístico.

Reportagem - Madonna é uma inspiração? O que significa para você trabalhar em parceria com ela?

Binho - Madonna é inspiração não só para mim, mas para várias gerações de novos artistas. Ela é conhecida por estar constantemente reinventando sua música e imagem, e pela autonomia conquistada dentro da indústria fonográfica. Fico lisonjeado de estar lado a lado com os artistas nesse desafio de criar uma arte para estampar o single dela. Acreditamos que isso pode ser transformador na vida de qualquer profissional.

Reportagem - O que inspirou você para esse mural que abre o projeto? Você fez algum rascunho?

Binho - O projeto tem a clara missão de valorizar e reconhecer a arte brasileira, por meio da arte de rua e da música. Assim, queríamos mostrar no mural a trajetória da Madonna, o progresso dela como artista. Inseri elementos bem brasileiros no desenho, cores quentes e uma clara referência a São Paulo, já que todo o projeto vai se desenrolar por aqui. Conversei com o Giovanni Bianco, diretor de arte da Madonna, que trabalha com ela há sete anos, e ele também me deu dicas preciosas do que agrada à diva. Para este mural, fiz alguns estudos, sim. Mas a obra final vai realmente acontecendo direto na parede. Geralmente, faço um estudo do que imagino antes.

Reportagem - O que significa para você fazer arte urbana em São Paulo?

Binho - Nasci e cresci em São Paulo. Amo minha cidade! Como todas as gigantes do mundo, tem seus problemas e diversas qualidades também. Em uma cidade onde o cinza prevalece e a vida fica cercada por muros e paredes assombrosas, com certeza, a expansão de arte urbana leva alegria, cor e atitude para os moradores que adoram o que fazemos.

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