Neide Carlos |
|
Nova linha de produção transforma lubrificante usado em óleo básico de alto padrão em fábrica de Lençóis Paulista |
Lençóis Paulista - Considerada uma das empresas de maior faturamento na região, a Lwart Lubrificantes de Lençóis Paulista concluiu neste ano investimentos na ordem de R$ 230 milhões para a montagem de uma nova linha de produção em uma extensão de quase 5 mil m2 na empresa. Com a nova fábrica, o Grupo Lwart, que já lidera a coleta e o rerrefino de óleo lubrificante usado na América Latina, espera tornar-se referência mundial com a implantação do processamento do óleo mineral básico tipo II, utilizado para a produção de lubrificantes de alto padrão, que ainda é 100% importado pelo Brasil.
“Investir em modernização, tecnologia e novos produtos é a filosofia do grupo, que é familiar. Ao longo dos últimos três anos investimos ao menos R$ 500 milhões na empresa, que hoje possui um faturamento anual de R$ 780 milhões”, enfatiza o presidente do Grupo Lwart, Carlos Renato Trecenti.
Atualmente, a empresa é detentora de 45% do total de óleos lubrificantes que são recolhidos nos 15 centros de coleta que estão localizados em diversas regiões do País. Ao todo, a empresa possui mais de 60 mil clientes entre indústrias e empresas geradoras do resíduo.
A nova linha de produção da Lwart Lubrificantes já está em funcionamento desde outubro, no mesmo local onde está a sede do grupo, que também possui a Lwarcel Celulose e Lwart Química. A nova fábrica, que possui cerca de 5 mil m2 terá capacidade para processar 150 milhões de litros de óleo lubrificante usado por ano.
A implantação da nova fábrica foi feita após estudos de mercado da empresa ao longo dos últimos anos. Conforme as pesquisas, uma projeção do mercado entre 2011 e 2020 aponta que o consumo de óleo tipo II e tipo III deverá aumentar de 10% a 20% no Brasil e no mundo, enquanto que, o óleo tipo I, deve crescer de 2% a 5% no mesmo período. “Com essa tecnologia de ponta, colocaremos o País em posição de destaque no setor de rerrefinos. Trata-se de um processo que fecha o ciclo de vida do óleo básico, oferecendo ao mercado o que há de melhor no setor”, afirma Thiago Luiz Trecenti, diretor geral da Lwart Lubrificantes - a única concorrente da empresa lençoense em potencial é a Petrobras.
Hidrogênio
A tecnologia da nova linha industrial é americana e dotada de um processo que inclui uma etapa além da evaporação - que já era praticada no rerrefino tradicional que gera o óleo mineral básico tipo I. Com o hidrotratamento, feito pela aplicação de hidrogênio, o produto se torna ideal para aplicação industrial e para motores de alto desempenho.
Após a evaporação da água, dos óleos leves e do asfalto – responsáveis pelo desgaste do óleo - o produto que passa pelo rerrefino recebe uma quantidade de hidrogênio, que organiza as moléculas da substância e age como catalisador, resultando na pureza do produto, que por conter menor teor de enxofre se torna mais estável em relação às oxidações em motores - o que significa menos geração de resíduos - e apresenta baixa perda por evaporação.
“Quem acaba ganhando com isso tudo é o consumidor final e o próprio meio ambiente, afinal o motor terá muito mais eficiência, será mais sustentável e apresentará baixos níveis de emissão de poluentes, tanto na água, quanto no solo e na atmosfera”, reforça Thiago Trecenti.
A Lwart Lubrificantes terceiriza o hidrogênio utilizado no processamento de uma empresa multinacional com tecnologia alemã.
Conforme o diretor da empresa, a nova linha de produção, que é automatizada, também possui praticamente metade do quadro de funcionários da linha primária, que conta com o trabalho manual de quase 300 trabalhadores.
Com a inovação da linha de produção e com o lançamento do novo produto, com maior qualidade e desempenho, a Lwart se prepara para encarar um desafio em relação ao mercado de coletas de resíduos no País em 2013.
“É impossível coletar 100% dos lubrificantes usados, mas queremos avançar nesse sentido e atingir o mesmo nível de coleta de países da Europa, que recolhem 55% do óleo disponível”, acrescenta Thiago Trecenti, acrescentando que a empresa objetiva tornar-se a maior opção de fornecedor de óleos com certificação internacional. Outra questão levantada pelo diretor da empresa como desafio é a dificuldade em conseguir mão de obra qualificada no setor. “Tivemos que ir buscar pessoas até em outro estado para montar essa nova linha de produção”, finaliza Thiago.
Licenças
A ação da empresa, segundo explicam os gestores, vem de encontro com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), marco legal que institui a logística reversa. Além de atender às legislações e regulamentação já existente na área por parte do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e Agência Nacional do Petróleo (ANP).
O licenciamento ambiental para a atividade já era concedido pela ANP, mas foi preciso uma nova autorização para a construção da nova área fabril. Os trâmites para licença prévia por meio da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) também foram concluídos e a empresa conseguiu em novembro deste ano uma licença para operação pelo período de dois anos.
A empresa
A Lwart Lubrificantes foi fundada em 1975. A companhia emprega quase 2 mil colaboradores diretos em suas duas unidades fabris, na matriz em Lençóis Paulista e na filial em Feira de Santana (BA). A frota da Lwart chega a 365 veículos próprios.
O grupo é 100% nacional e faturou R$ 732 milhões em 2011. Ao todo a Lwart Lubrificantes, Lwarcel Celulose e Lwart Química empregam um total de 2,9 mil pessoas.