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Os mistérios do castelo

Luiz Beltramin
| Tempo de leitura: 2 min

Diz o ditado que o lar de um homem é o seu castelo. Literalmente foi, no caso do engenheiro Fausto Furlani (já falecido). O austríaco, que morreu aos 97 anos em 1973, realizou na pequena Pederneiras o grande sonho de projetar, construir e viver, até os últimos dias, em uma edificação típica da terra natal.

Guardado a sete chaves, a curiosidade sobre o Castello Furlani, sob a guarda da família desde que foi erguido em 1914, permanece. Rodeada por vegetação, muros e, principalmente, mistérios, a centenária construção atualmente é habitada apenas por um casal de zeladores que vive em moradia aos fundos do castelo.

Epicentro social na cidade em épocas áureas, com direito até a visita de governador do Estado, o Castello Furlani hoje aguarda por uma nova oportunidade de “ressurgir”. A família busca parcerias privadas para reativar a visitação da construção histórica, seja como palco de eventos e celebrações ou de passeios culturais.

Os 20 cômodos, 22 portas e 53 janelas, caracterizados por traços que vão do vitoriano ao oriental, sob a constante vigilância de soldados romanos eternizados nas estátuas em frente à entrada principal, guardam a história de pioneirismo do construtor que, em cada canto da propriedade, deixou a marca registrada da família.

Do alto dos 109 degraus percorridos até a torre,  é possível observar alguns dos enigmas do castelo. Os jardins formam exatamente as iniciais F e V, de Fausto e Virgínia, casal que construiu a imponente e criativa edificação cercada de 22 alqueires de muito verde e surpresas.

Desde a adega no subsolo, que lembra os calabouços medievais, até a caixa d’ água em formato de navio, tudo tem um propósito.

No final da vida, Fausto Furlani, conta a neta Marta - que idealiza projeto de revitalização e consequente utilização da construção para fins culturais ou como palco de eventos particulares - optou por erguer uma casa menor, nos fundos do casarão.

Hoje, a moradia é ocupada pelo zelador Sebastião e a esposa. A família seguiu na propriedade até se mudar para a zona urbana, em meados dos anos 1980.

Mais que o legado histórico, cultural ou arquitetônico, fato é que a preservação do imóvel, motivo de orgulho para os moradores - foi até trunfo da delegação de Pederneiras até mesmo para vencer disputa entre cidades em célebre programa de auditório nos anos 1960 - a preservação e restauração, defende a proprietária, é a manutenção de um sonho que aportou no Brasil, mas aflorou na Europa. “Queremos manter o sonho do meu avô que, na realidade, é um sonho nosso”, justifica.

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