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Quando o porteiro é ela

Wagner Teodoro
| Tempo de leitura: 3 min

“Ô, camarada, você poderia me infor.... ‘ops’. Boa tarde, senhorita. Por favor, você poderia me informar...” Brincadeira e exagero à parte, é mais ou menos assim que ocorre em algumas portarias de Bauru. Você chega já com o preconceito de que falará com o porteiro e, quando abre o vidro do carro, se depara com uma mulher, geralmente sorridente e solícita, para prestar-lhe o serviço. Sim, as mulheres também conquistaram seu espaço nesta área e, atenciosas e simpáticas, cativam com facilidade o visitante.

Léia Oliveira da Silva é uma das novas profissionais das portarias. Trabalhando há dois meses na função, explica que ser mulher em um “mercado” predominantemente masculino longe de trazer prejuízos traz vantagens. “Percebo que o povo respeita mais. Por ser mulher, as pessoas tratam diferente, têm um cuidado e um respeito maior ao conversar conosco. Trabalho também na portaria de prestação de serviços e convivo com homens, caminhoneiros, mestre de obras e muitos pensam que eles não respeitam por ser mulher. Pelo contrário, eles respeitam e respeitam muito. É bem diferenciado, eles têm um cuidado maior com a gente”, relata.

Silva trabalha em um condomínio horizontal em Bauru e explica o que a atraiu na função. “Acho uma profissão interessante e bonita. Você conhece várias pessoas e interage com bastante gente. As pessoas com quem trabalhamos são como uma família e todos que passam por aqui tratam a gente com respeito”, explana. No condomínio onde Silva trabalha, durante o dia, todas as portarias são ocupadas por mulheres e os homens ficam com o cargo de vigilantes.

Na curta experiência como porteira, Silva já captou as prioridades do cargo e aponta a segurança como principal fator de atenção. “No condomínio onde trabalho tem uma segurança muito forte. A segurança do condomínio está em primeiro lugar. Mas é importante saber conversar, saber entender cada pessoa que entra aqui, o que ela quer. Entender e saber bastante sobre o condomínio. Saber onde as pessoas moram, quem são”, comenta a porteira, que além de controlar fluxo de pessoas e veículos cuida da correspondência e encomendas dos moradores.

Quem é quem

Na relação diária com moradores, o porteiro tem que desenvolver uma sensibilidade para conhecem os condôminos e saber até onde pode ir em brincadeiras ou conversas, segundo Silva. “Tem moradores que vêm pegar a correspondência, a gente conversa, perguntam como estamos. A gente passa a conhecer um pouquinho de cada um e trata com o maior respeito”, explica.

O “feeling” ajuda a ler no próprio morador, termômetro da relação, se a brincadeira será unilateral ou se cabe responder no mesmo tom. “Tem uns que chegam falando, sorrindo, brincando. A gente brinca também, conversa dentro do que pode. E nem sempre a gente brinca. Eles brincam e a gente dá uma olhadinha para ver se pode ou não brincar também. Pela fisionomia deles dá para saber. Tem outros que são mais sérios e já os tratamos dentro do que eles gostam. É sério e veio buscar a correspondência. É isso ou aquilo e acabou”, finaliza a porteira.

 

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