Polícia

Júri de 15 horas condena dois por assassinato de Fernanda Tripodi

Tisa Moraes
| Tempo de leitura: 4 min

Douglas Reis
Antonio Carlos Ferraz foi absolvido e Carlos Henrique dos Santos Leite e Roberto Carlos Fagundes, condenados
Divulgação
Fernanda Tripodi, 26 anos, foi morta em 17 de dezembro de 2009

Após julgamento de 15h, que avançou a madrugada dessa sexta-feira (17), dois dos três homens acusados de matar e esconder o corpo da vendedora de roupas Fernanda Tripodi, em dezembro de 2009, foram condenados em Bauru. Companheiro da vítima, Roberto Carlos Fagundes teria decidido matá-la após descobrir uma traição e oferecido dinheiro para que Carlos Henrique dos Santos Leite e Antonio Carlos Ferraz o ajudassem, segundo denúncia feita pelo Ministério Público.

Os três alegaram inocência. Roberto foi condenado a 21 anos de prisão e Carlos Henrique a 17 anos. Os advogados podem recorrer da decisão. Já Antonio Carlos foi absolvido. 

Moradora do Núcleo Mary Dota e mãe de dois filhos de Roberto, Fernanda Tripodi, 26 anos, foi morta em 17 de dezembro de 2009, depois de sair de casa para depositar R$ 4 mil em duas agências bancárias no Centro da cidade.

A vendedora de roupas não chegou a fazer os depósitos e, quase uma semana depois, o veículo em que ela estava, um Gol, foi localizado com grande quantidade de sangue no porta-malas próximo de onde a família morava, nas imediações da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Núcleo Mary Dota. Somente em outubro de 2011, a ossada da vítima foi encontrada na estrada rural que liga Bauru a Santelmo (distrito de Pederneiras).

A confirmação de que os restos mortais eram dela, contudo, só foi possível por meio de exame de DNA, cujo resultado foi divulgado em março de 2012. Considerado desde o início o principal suspeito do crime, Roberto foi localizado uma semana depois em Balneário Camboriú (SC), após ser preso por agredir uma mulher, que era sua companheira à época. Em maio do mesmo ano, os outros dois comparsas também foram presos.

Durante o longo julgamento, nessa sexta-feira (17), muitas pessoas foram ouvidas, incluindo familiares de vítima e réus. Entre eles, estava o filho mais velho de Fernanda e Roberto, hoje adolescente. Ele descreveu a rotina de agressões sofridas pela mãe, que chegou a registrar boletim de ocorrência contra o marido.

‘Nunca mataria’

O jovem contou, ainda, que foi proibido pelo pai de acompanhar a mãe, quando ela saiu de casa naquele 17 de dezembro. Relatou também que, em seguida, Roberto ligou para Carlos Henrique, chamando-o para “resolver aquela parada agora”. Carlos, então, teria ido até a casa da família e saído com Roberto em uma Twister amarela, que, inclusive, havia pertencido à vítima.

Ainda de acordo com o filho, no dia seguinte ao desaparecimento da mãe, o pai teria dito que Fernanda havia ido “embora”. Uma mulher para quem Fernanda trabalhou como faxineira também relatou que, naquele mesmo ano, a vítima contou que Roberto a teria levado a um canavial e a ameaçado de morte.

Roberto negou as acusações e disse que o adolescente foi orientado por parentes a mentir. Diante do Júri, ele disse manter relação harmoniosa com Fernanda, embora tenha admitido ter agredido com facada o homem com quem a esposa se envolveu – ocorrência também registrada pela Polícia Civil ainda em 2009. Alegou, ainda, que foi considerado suspeito sem que houvesse provas e afirmou que “nunca mataria” quem ama.

Culpado x inocente

O Júri também condenou o mototaxista Carlos Henrique dos Santos Leite, mas inocentou o padeiro Antonio Carlos Ferraz. O primeiro trabalhou com Roberto em um mototáxi e o último chegou a manter uma “sociedade” informal com o marido de Fernanda para a venda de salgados, mas o negócio durou apenas um dia.

Aos jurados, Antonio Carlos e Carlos Henrique disseram que não se conheciam e negaram participação no homicídio. O promotor de justiça Alex Ravanini, contudo, lembrou que, durante a fase de inquérito policial, Carlos Henrique apresentou outra versão, ao dizer que passava de moto pela lagoa da Quinta da Bela Olinda, quando avistou Antonio e Roberto às margens da represa, na noite do crime.

À época, ele contou que foi Antonio quem retirou um grande volume envolto em saco plástico preto e cordas de dentro do porta-malas do Gol, versão que não convenceu os jurados. Mais tarde, ainda de acordo com Carlos, Roberto teria confessado o assassinato e o ameaçado de morte caso ele não mantivesse sigilo.

Ainda de acordo com Ravanini, embora o corpo de Fernanda não tenha sido encontrado no local, material orgânico recolhido dos pneus do veículo se mostrou compatível com o solo da beira da lagoa.

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