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UAI: a contribuição da Maçonaria à cultura popular mineira

Waldir Ferraz de Camargo
| Tempo de leitura: 2 min

O jeito típico de falar do povo mineiro chama a atenção em todos os lugares e é difícil encontrar quem não usa a expressão "UAI" pelo menos uma vez por dia, causando curiosidade a muita gente de como, onde e quando surgiu.

Para os mineiros, UAI pode significar espanto, surpresa, dúvida, impaciência, admiração e até susto, mas o verdadeiro significado e a história de sua origem foram encontrados em Anais da Arquidiocese de Diamantina e nos arquivos históricos do governo do Estado de Minas Gerais.

Segundo consta, grande parte dos inconfidentes que eram maçons, com sentimentos patriotas, mas considerados subversivos pela Corte Portuguesa, se reuniam em locais secretos, usando senhas para suas comunicações e para se protegerem da polícia lusitana.

Ao chegarem no local do esconderijo, longe das vistas dos curiosos, o "irmão" dava na porta as três batidas clássicas da Maçonaria. De dentro ouvia-se a voz soturna que indagava: "Quem vem lá?", sendo respondido apenas UAI. E tal como uma palavra mágica, a porta era aberta e franqueada o ingresso apenas aos conhecedores da senha previamente combinada indicando as iniciais de União, Amor e Independência, criada pelos maçons.

Com a prisão dos inconfidentes e a morte de Tiradentes, a revolta terminou sobrando a senha que acabou se incorporando ao vocabulário como um costume entre as pessoas das Alterosas. Os mineiros assimilaram a simpática palavrinha que foi integrada à cultura popular quase tão indispensável como: trem, tutu de feijão, sô, émezzz etc.

Amanhã, 20 de agosto, é o Dia da Maçonaria brasileira. Tempo de uma triste reflexão, sobretudo frente às verdadeiras orgias de corrupção que assolam os nossos governos, sem uma ação de repúdio mais concreta e eficaz, seja por parte da população, da Maçonaria ou de muitos outros segmentos organizados de toda a sociedade.

Sabemos das mudanças estratégicas da atuação maçônica nos dias atuais e sua ação mais discreta não a inviabilizou de continuar de modo honroso sua luta pela liberdade, igualdade e fraternidade entre os homens de bons costumes.

Mas, dias atrás, conversando sobre este mesmo assunto com meu bom amigo Zé Mineiro, ele exclamou: "UAI, num tá discreta dimais não, sô?" Tentei responder, mas as palavras me fugiram, só me restando concordar, abaixar a cabeça e decretar: fim de papo!

Comentários

1 Comentários

  • Luiz Mauro Cardoso 27/07/2023
    Liberdade, igualdade, fraternidade, para todos.