O caratê tem sido a rotina esportiva de centenas de crianças em Piratininga (13 quilômetros de Bauru) há pelo menos dez anos. Tudo começou quando o bauruense Neto Silva decidiu deixar o Japão para desenvolver, na cidade, as técnicas da modalidade Otokojyuku com os pequenos carentes. A atitude do bauruense foi o primeiro passo para que, em 2017, Piratininga abrigasse a Federação Brasileira de Karatê Otokojyuku (FBKO), tornando-se uma espécie de "capital" nacional da modalidade.
Desde então, Neto Silva é o único shihan (mestre) que representa o Otokojyuku no País e acumula, também, a função de presidente da entidade, que já possui academias associadas em oito estados. Em Piratininga, cerca de 200 crianças e adolescentes têm contato com a vertente do caratê nas escolas públicas de ensino fundamental.
Paralelamente, o projeto social "Karatê da Paz", criado por Neto há 10 anos, atende cerca de 70 crianças e adolescentes que gostam do esporte, mas não tem dinheiro para pagar para ter aulas.
TRANSFORMAÇÃO
Para o bauruense, todo o trabalho feito com as crianças vem surpreendendo. Neto deixou o Brasil ao nove anos e cresceu, praticamente, dentro da cultura oriental. "Quando começamos a trabalhar com esse público carente, principalmente, eu não tinha essa visão que o esporte transformaria a vida das pessoas. No Japão, não existem projetos sociais como aqui. Isso foi muito forte para mim", revela o shihan.
De acordo com Neto, os resultados que o caratê proporciona na vida das pessoas são muito grandes, principalmente nos mais pobres. "De maneira geral, esse perfil de alunos é muito mais esforçado, quer muito mais aula, tem vontade de aprender e quer competir. Isso é maravilhoso", conta emocionado. Essa transformação também é sentida dentro de casa. "Pais chegam e me perguntam o que estamos fazendo com o filho deles porque tudo está mudado para melhor", conta.