
Nove de dezembro de 1919. Nascia, ao entorno de uma estação ferroviária, o vilarejo que deu origem ao distrito de Tibiriçá. Com 3,2 mil habitantes atualmente, a comunidade atinge o seu centenário nesta segunda-feira (9) e comemora a evolução que chegou sem deixar para trás as principais características do local: o clima bucólico e a calmaria. Moradores mais antigos chegam a apontar que o distrito tem, hoje, ares de "condomínio fechado".
Em meio às ruas e vielas do distrito, é difícil achar quem não se conheça. "Se entra uma pessoa estranha aqui, a gente fica sabendo só de ver", conta Dulcinéia Cosmo Baté, 59 anos, subprefeita do distrito.
A tranquilidade também é apontada por dona Lourdes Carrara, que tem 84 anos e mora há sete décadas em Tibiriçá. "Meus vizinhos são como se fossem uma segunda família, me sinto segura aqui, como em um condomínio", reforça.
"Não tem violência. Acho que tivemos um homicídio só e já faz uns quatro anos, nunca soube de outros", acrescenta dona Maria Barbosa, de 73 anos.
A calmaria só é interrompida mesmo em dia de festa. Essas ocasiões movimentam a população. Foi assim neste sábado (7), na comemoração do centenário, que teve várias atividades ao longo do dia, incluindo um show gratuito de Renato Teixeira.
Mas, as pequenas celebrações também não passam "em branco". Sabe os salões de festa dos condomínios fechados? Pois é! O Centro Rural de Tibiriçá funciona como uma espécie de salão da comunidade e abriga festas de casamentos e demais comemorações de famílias locais gratuitamente, bastando marcar o horário na subprefeitura. O local também dispõe de campo de futebol.
O QUE TEM E O QUE FALTA!
O projeto social Achilles dos Reis beneficia a comunidade com aulas de teatro, pintura, canto, entre outras atividades. Uma turma é voltada para crianças e adolescentes, entre 6 e 14 anos, e outra para pessoas acima dos 60 anos. Esta última é frequentada por 20 idosas, que se tornaram espécies de "guardiãs da cidade".
Os habitantes contam ainda com Unidade Básica de Saúde (UBS), Centro de Referência da Assistência Social (Cras), creche conveniada, Biblioteca Ramal, rede de abastecimento de água (do DAE), ruas asfaltadas, velório municipal, Base da PM, academia ao ar livre, escola estadual, subprefeitura e serviço dos Correios. Dois mercados, duas pizzarias, um pesqueiro e o Acampamento Tibiriçá, que impulsiona o turismo rural, também integram a estrutura local.
Cercado por propriedades rurais, o distrito possui produção de laticínios, suínos, abacaxi, laranja, mandioca e produtos granjeiros.
"Nossa maior demanda é por mais projetos envolvendo os jovens após os 14 anos. E por uma unidade de saúde de urgência e que conte com mais médicos, ou então uma ambulância para levar os pacientes. Hoje, temos que pagar para vizinhos nos levar de carro para Bauru se alguma urgência acontece", observa a subprefeita.
TRADICIONAIS
Basta um passeio pela Praça da Matriz para encontrar moradores conversando e jogando baralho. À noite, o local vira ponto de encontro de jovens.
Tradicional no distrito, a festa junina dos moradores é comemorada na casa da mãe da subprefeita, dona Irene Balbino Cosmo. A família é conhecida por sua atuação na comunidade ao longo das décadas.
Dulcinéia é irmã de José Antônio Cosmo, o Baté (em memória), que também já foi liderança do local, assim como seu pai, José Cosmo (também em memória), primeiro prefeito negro de lá. Dulcinéia, aliás, foi a primeira mulher a assumir a gestão do distrito.
Em outubro, Tibiriçá realiza sua tradicional quermesse na Praça Matriz. Outro evento costumeiro ocorre em maio, o Moto Road, no Centro Rural.