
Pode até soar estranho a um desavisado passar e avistar em plena quinta-feira uma fila considerável de carros ocupando parte de uma das pistas do km 17,5 da rodovia Ariovaldo de Almeida Viana (SP-61), em Guarujá. A espera de turistas é pelo acesso às praias de Iporanga, São Pedro, Conchas, Itaguaíba, Tijucopava e outras que fazem parte da serra do Guararu.
Cercado por mata atlântica, com mais de 150 espécies de pássaros, o local é conhecido por sua segurança e, principalmente, por praias paradisíacas - uma delas com cachoeira e mar juntos. Desde 2013, a frequência só tem aumentado. No último ano, 485 mil pessoas, entre proprietários e visitantes, passaram pelas praias da região, número superior a 2017, com 448 mil. Há seis anos, o levantamento indicava 292 mil.
"Não queremos ser uma ilha, mas tudo aqui é diferente mesmo. As pessoas dizem que preferem esperar horas na fila do que se aborrecerem em outras praias", disse Roberto Nagy, responsável pela administração do loteamento da praia de Iporanga.
O destino no litoral é considerado área de proteção ambiental. O acesso do público é permitido, controlado por quatro sociedades privadas que possuem concessões para administrar o uso das praias do rabo do dragão, como popularmente é conhecido pelo fato do formato da ilha lembrar a figura mitológica.
São lotes de alto padrão recheados de casarões luxuosos. Em Iporanga, praia mais procurada, são quase 400 casas. O valor médio das mansões é de R$ 10 milhões, enquanto os aluguéis chegam a R$ 10 mil a diária. O condomínio custa cerca de R$ 4.000 mensais.
"Oferecemos o que deveria ser algo simples: segurança, limpeza e qualidade. Quem vem, sabe que terá água potável e banheiros extremamente limpos, por exemplo. Não jogar lixo, preservar, tudo fica internalizado nas pessoas que entram aqui", disse Ronaldo Justo, 45, gerente do departamento de meio ambiente de Iporanga.
Os turistas não precisam pagar taxa alguma para entrar. Há, porém, uma limitação de vagas para estacionar o carro. São somente 38 em Iporanga e 70 em São Pedro.
"Não fazemos nenhuma proibição de acesso. Estamos no limite do número de veículos para cumprimento de sustentabilidade, para que não haja desmatamento. Se estiver a pé, é totalmente livre", afirmou Justo.
Dentro do local, há seguranças por toda a parte, inclusive na orla das praias, além de câmeras de monitoramento. Não há a presença de ambulantes e é cena rara avistar sujeira no chão. O cumprimento das regras também é rígida. A prática de esportes, por exemplo, só ocorre após as 17h.