José Milagre

O que aprendi em Chicago?

02/02/2020 | Tempo de leitura: 4 min

Trabalhar em uma cidade considerada uma das maiores referências do mundo é, de fato, algo que nos alegra e, ao mesmo tempo, nos entristece, pela forma como o governo brasileiro prejudica o empreendedor e o cidadão de modo geral, cobrando impostos abusivos e sem retorno algum. Não é por acaso que Lincoln, considerado uma das maiores lideranças norte-americanas, é homenageado com um parque na cidade, tendo em vista sua gestão que preconizava ideais que hoje são muito enraizados na cultura norte-americana. De fato, se existe a possibilidade de reduzir despesas estatais, como já dizia a máxima, não se deve criar tributos, e em Chicago isto é sentido na pele, pois há respeito com o cidadão, muita inovação e tecnologia. Que saber mais? Vem comigo!

Transporte público

Logo que cheguei, me assustei com a estrutura do CTA, transporte público local. Para se ter uma ideia, com 10 dólares é possível comprar 24 horas livres de transporte em trem, metrô e ônibus. E como eles fazem para controlar caso alguém queira revender os passes? Simples, confiam nas pessoas. Além do mais, os passes são programados para não funcionarem tão rápido no mesmo check-in. As linhas são totalmente informatizadas, existem dezenas de câmeras nas estações e nos próprios trens. A lei aqui também é pesada, o assalto dentro do CTA tem pena maior que 10 anos. É válido mencionar que você também pode ser preso se vender produtos ou ficar pedindo dinheiro nas estações.

Carros

Lincoln, Subaru, Toyota, Dodge, Lexus, dentre outros. O que você mais vê aqui são utilitários, SUV, carrões com computador de bordo, e as pessoas aqui têm condições de comprar um carro. Mas como? Baixos impostos. Diferentemente dos norte-americanos, nós, brasileiros, somos absurdamente lesados com o pagamento abusivo de impostos, o que logicamente nos torna reféns de um sistema abusivo. Uma Hyundai Tucson ou uma Ix35, 2020, é vendida aqui a 24 mil dólares. Faça as contas...

E por falar em impostos…

Estou em Illinois, não se pode dizer que é um Estado com carga leve, aqui é em torno de 10%. Para se ter uma ideia, Nova York tem carga aproximada de 8% e o paraíso chamado Flórida em torno de 6%. Mesmo assim, o seu dinheiro vale e rende. Importante frisar que os impostos são destacados diretamente do valor do produto, ou seja, assim que comprar algo, o imposto é calculado na hora. Isso dá dimensão do que vai para o Estado e o que vai para o empreendedor, evitando, assim, aumentos abusivos por parte de empresários gananciosos. Mas não é só isso, os empresários são controlados também pela forte e concorrência.

Ampla concorrência

É incrível o número de concorrentes em qualquer área que você pesquise. De lanchonetes a veículos, há inúmeros produtos e marcas que ainda não tivemos a oportunidade de conhecer. O McDonald's, por exemplo, tem uma promoção de dois lanches por 1 dólar, no supermercado você encontra galões de 4 litros de leite por 3,29 dólares, a gasolina rende e o salário do cidadão alcança. Pesquisei empregos na minha área, e um Júnior ganharia algo em torno de 30 dólares a hora. Trabalhando 10 horas por dia, você ganharia 300 dólares no dia, o que daria algo em torno de 9.000 dólares por mês. Dá pra viver bem? E, por fim, não posso deixar de falar da telefonia e da Internet

Telefonia e internet

Chegamos do Brasil e já fomos a uma loja da T-Mobile. Aqui os players são Sprint, At&T, Verizon etc... Todas com 5G. Com um chip que pagamos 26 dólares com impostos, tivemos acesso a 6GB de tráfego para dados, sem burocracia. Além do mais, a mentalidade é outra, aqui eles querem vender o plano primordial. São inúmeras as promoções em que o aparelho está incluso, os tops de linha, como o Iphone 11, por exemplo, caríssimo no Brasil, aqui custa cerca de 35 dólares por mês, com plano ilimitado e carência de 24 meses. Portanto, é acessível você ter o seu! Resultado? Cidadãos altamente conectados, serviços públicos digitais, mais desenvolvimento econômico e qualidade de vida.

Onde erramos?

Essa pergunta não sai da minha cabeça. Eu vou continuar a tratar na coluna sobre cidades inovadoras, tratando de educação, segurança pública e saúde. Fique esperto, o próximo destino é Paris. Mas eu quero saber o que você pensa: podemos alcançar esse desenvolvimento? Podemos começar por Bauru? Onde erramos e quais são as soluções? Escreva para consultor@josemilagre.com.br! Ansioso para ler a opinião do amigo e leitor da coluna de Inovação e Tecnologia.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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