José Milagre

Grupo Hacker Anonymous e a exposição de dados pessoais

07/06/2020 | Tempo de leitura: 3 min

O grupo Anonymous liberou, na madrugada de quinta-feira, dados sobre o que diz ser "a verdade" do caso Marielle Franco em um link publicado no perfil https://twitter.com/brzanonymous_ no Twitter. Lá existem dados como CPF, número de cartão de crédito, telefones e endereços de pessoas supostamente envolvidas. O grupo é considerado célula brasileira do grupo de cyber ativistas que atuam desde 2003 em todo o mundo. Eles atuam com a exposição de dados de autoridades, políticos e empresas, mas também derrubando sites e servidores. A máscara que faz parte da imagem do grupo, na rede, simboliza o anonimato. Esta não é a primeira vez que o Anonymous atua contra políticos brasileiros. Em 2013, o grupo invadiu a rede social da presidente Dilma Rousseff.

A investigação é possível?

O presidente Bolsonaro classificou os ataques como terroristas e o Ministério da Justiça informou que a Polícia Federal irá investigar o vazamento de dados pessoais. Mas como assim investigar? Os membros do grupo normalmente usam o Twitter para postar os referidos conteúdos. A mesma rede que classificou postagens do presidente Trump como potencialmente falsas. E por que a escolha? Além da maior dificuldade de remoção do conteúdo, popularização e intensidade de compartilhamentos, o Twitter não é uma das redes mais preocupadas com conexões a partir de VPNs, proxies e outros recursos que ocultam a origem da conexão. Assim, as postagens permanecem mais tempo no ar e perfis podem ser criados com mais facilidade. Deste modo, ainda que a rede, após ordem judicial, apresente os dados dos criadores das contas, dados falsos ou inexatos podem ser apresentados, o que dificulta a apuração dos responsáveis.

E o paste.bin?

Para revelar as informações, normalmente o grupo utiliza o serviço Pastebin (https://pastebin.com). O Pastebin é um website onde pessoas podem armazenar qualquer conteúdo de texto e compartilhar rapidamente. Os termos do serviço são claros em prever que usuários não podem postar dados pessoais ou hackeados. No entanto, ao pesquisar no Google, é possível verificar centenas de páginas com dados pessoais de brasileiros. O aplicativo fornece um "report abuse" para que o conteúdo possa ser deletado. Assim, caso exista algum dado exposto é possível acessar: https://pastebin.com/contact e solicitar a remoção. A declaração de privacidade do App informa que eles coletam registros de servidor, mesmo não exigindo cadastro para se colar um texto. Porém, da mesma forma que no Twitter, os grupos normalmente ocultam a origem da conexão ou utilizam uma VPN, sendo que os dados coletados pelo serviço podem não indicar a real localização dos responsáveis pelos vazamentos de dados.

VPN?

Uma rede privada virtual, ou VPN, é uma rede pública ou compartilhada e atua como um túnel para que você possa transmitir dados com segurança, como se estivesse conectado diretamente a uma rede privada. No entanto, as VPNS são utilizadas também para manutenção da privacidade e do anonimato nas atividades na Rede. As VPNs não são ilegais, porém em alguns países como China, Irã e Coreia do Norte elas são restritas. Um exemplo de VPN é o HOTSPOTSHIELD, um aplicativo que instalado "encapsula" todo o tráfego do usuário, permitindo maior privacidade. O App pode ser baixado em https://www.hotspotshield.com/pt/what-is-a-vpn/

Navegação privada?

Uma outra ferramenta interessante para manter a navegação privada é o HTTP Everywhere (https://www.eff.org/https-everywhere). Embora não seja uma VPN, trata-se que uma extensão para os principais buscadores que encripta a comunicação com a maioria dos websites, tornando a navegação mais segura e de difícil interceptação. Como você faz para manter seus dados e sua navegação seguros na Internet? Envie mensagem para consultor@josemilagre.com.br

No online!

Estreamos também a coluna em vídeo no site do JC. Acesse, que trago mais informações sobre os temas que discutimos aqui. O link é https://www.jcnet.com.br/opiniao/colunistas/jose_milagre

Continuamos o debate por lá!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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