
O clima frio e seco do inverno ameaça a vida de animais silvestres em Bauru e região. Isso porque aqueles que estão na natureza, quando têm dificuldade para se aquecer, podem recorrer ao calor do asfalto das rodovias, aumentando os riscos de atropelamentos. Além disso, também é maior a incidência de queimadas em matagais, que, muitas vezes, ficam próximos ao habitat desses bichos. Inclusive, a preocupação é tamanha nesta época do ano que até os moradores do Zoológico de Bauru recebem cuidados especiais.
De acordo com o biólogo Astélio Ferreira de Moura, diretor do Zoo, os animais silvestres encontram dificuldades para encontrar abrigo suficiente na natureza quando o clima está muito frio. "Principalmente no fim da tarde, quando a temperatura começa a cair na mata, eles procuram o calor do asfalto das rodovias, que ainda está quente. Eles deitam para se aquecer e correm o risco de atropelamento. Por isso, é importante que os motoristas prestem bastante atenção, especialmente à noite", explica.
FOGO EM MATO
Também existe a preocupação por conta da elevação de queimadas, bastante frequentes nesta época do ano, já que a estiagem deixa o mato seco. "Muitas vezes, os animais não conseguem fugir e morrem queimados. Ou, então, sofrem queimaduras e morrem dias depois. Muitos filhotes são resgatados ao lado do corpo da mãe, que morreu tentando protegê-lo do fogo. Também pode acontecer de a mãe atravessar a rodovia para fugir das chamas e o filhote, que não consegue, acaba abandonado", detalha Astélio.
Recentemente, foram resgatados, na beira de rodovias, três filhotes de saguis, um de ouriço e um de tamanduá-mirim, todos órfãos. Eles foram para o Zoológico, onde são levados ao Setor de Filhotes Órfãos, conhecido como 'maternidade', quando estão saudáveis. Porém, quando doentes e precisam de atendimento veterinário, vão para o Setor de Internação, para onde também são encaminhados animais adultos.
Nesses locais, cada espécie conta com aquecimento adequado e alimentação balanceada para manter a saúde em dia. "Nossa preocupação é oferecer bem-estar para eles, mas, para isso, precisam estar bem aquecidos, até para responder aos tratamentos. Sem essas adaptações, eles podem ficar muito fragilizados e até morrer de hipotermia", pondera a zootecnista e chefe do Setor de Nutrição Animal do Zoo, Claudia Ladeira.
Ela ainda menciona que, após esses animais se recuperarem, na maioria das vezes, eles são devolvidos ao habitat. Contudo, caso não apresentem condições de sobreviver na natureza, podem ser 'adotados' pelo próprio Zoo ou são encaminhados para instituições parceiras especializadas.