Esportes

Noroeste SAF

Guilherme Tavares
| Tempo de leitura: 3 min

Na esperança de organizar melhor a casa e atrair capital de investidores, o Esporte Clube Noroeste passará a ser uma Sociedade Anônima de Futebol (SAF). A mudança foi oficialmente anunciada, nesta terça-feira (11), pelo, agora, presidente da SAF, Reinaldo Mandaliti, e pela diretoria executiva e de marketing do clube. Na prática, significa que o atual modelo de associação sem fins lucrativos dá lugar à gestão clube-empresa. A ideia, segundo os diretores, além de conseguir equalizar as dívidas milionárias, é transformar o Norusca em negócio lucrativo.

A mudança segue a tendência de diversos clubes brasileiros e foi possível depois que a Lei nº 14.193/21 foi sancionada ano passado (lei mais nesta página), permitindo a alteração do regime de gestão dos clubes, em uma tentativa de salvar grande parte dos times brasileiros do eterno endividamento.

Um dos exemplos mais importantes é o Cruzeiro. O clube mineiro adotou o modelo no ano passado e atraiu a atenção do ex-jogador Ronaldo Fenômeno, que adquiriu 90% das ações. O Botafogo, do Rio de Janeiro, é outro clube que fez a transição e foi comprado pelo empresário estadunidense John Textor neste ano.

No Noroeste, entretanto, ainda há trâmites burocráticos a serem resolvidos para a consolidação do novo regime. A expectativa de Mandaliti é de que até o final de janeiro toda documentação estará pronta. Enquanto isso, a diretoria trabalha no plano de investimentos a ser apresentado a potenciais interessados a aplicar recursos no clube.

"Já temos contatos e conversas. Mas vamos realmente apresentar as propostas a partir de março, é nossa expectativa", anima-se Mandaliti. "Trabalhamos para construir um Noroeste perene e sustentável do ponto de vista financeiro", define Vitor Jacob, executivo de marketing da SAF.

FRENTES DE TRABALHO

O primeiro investidor da SAF é o próprio Reinaldo Mandaliti, com 99% de participação. A ideia dele é conseguir negociar, ao menos, cinco cotas de 10% cada uma para potenciais parceiros. Empresas e companhias participantes receberão uma fatia dos lucros. O clube continua com 1% e Mandaliti ficaria com os outros 49% restantes.

Para fomentar o modelo, a diretoria trabalha na consolidação de quatro frentes. A primeira delas é a reestruturação da diretoria administrativa e financeira, cujos nomes estão sendo definidos e devem ser anunciados neste mês.

Já o departamento de futebol segue a cargo de Deda. "Ele fez um bom trabalho nos últimos dois campeonatos, então mantivemos ele como gerente de futebol", explica Mandaliti. O Norusca se prepara para a estreia da Série A3 do Campeoanto Paulista (leia mais abaixo nesta página).

Atenções também voltadas para o departamento de marketing, o qual passará por reestruturação. Além das marcas, a ideia dos diretores é aprimorar a experiência do plano sócio-torcedor, concedendo benefícios extra-campo para os assinantes. "Estamos reestruturando uma base forte para voltar a ter credibilidade e força a fim de atrair novos investidores", aponta Jaime Moura, diretor de marketing.

Por fim, a quarta frente é a retomada das categorias de base. Neste ano, o clube pretende voltar a treinar jovens de 15 e 17 para chegar a 2023 com potenciais atletas na casa dos 20 anos.

RECUPERAÇÃO

A mudança de regime, no entanto, não isenta o Noroeste das dívidas, hoje na casa dos R$ 6 milhões, segundo Mandaliti. De acordo com ele, a mudança para SAF também prevê um plano de recuperação e a renegociação das dívidas. "Na nossa projeção, 20% da receita vai para pagamento das dívidas, isso pelo menos durante seis anos. Depois, esse percentual vai caindo", explica Mandaliti.

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