Quando criança, sempre me interessei por desenho, pintura e habilidades manuais de um modo geral, porém não me agradava tanto desenhos técnicos como arquitetura, por exemplo. Quando completei 15 anos, fui fazer intercâmbio e estudar nos EUA. Durante este período, notei que minha habilidade de desenhar poderia ser utilizada em outras áreas, e não somente nas artes propriamente dita. A partir disto, na escolha da profissão as opções ficaram bem mais amplas, porém, como venho de uma família de médicos, medicina fazia parte do meu dia a dia e a partir daí a escolha foi natural. Minha formação médica foi na PUC de Campinas, na mesma instituição também fiz minha residência em Cirurgia Geral. Já com relação à cirurgia plástica, consegui ser aprovado entre as cinco vagas destinadas a brasileiros do Serviço de Cirurgia Plástica do professor Ivo Pitanguy.

Qual o avanço da tecnologia na área de cirurgia plástica?

Todas as áreas cirúrgicas ou clínicas evoluíram muito nos últimos anos. Vários tratamentos não cirúrgicos têm postergado ou até evitado a necessidade de uma intervenção cirúrgica e esta, quando necessária, é infinitamente menos agressiva em relação ao que era feito poucos anos atrás. A anestesia, por exemplo, deixou de ser o grande medo cirúrgico. Além de muito mais segura, tem proporcionado recuperação pós cirúrgica muito mais rápida. Afinal, ninguém mais consegue ficar de resguardo para se recuperar de uma cirurgia plástica durante semanas.

E como a inovação auxilia os implantes capilares?

Sem dúvida, o implante capilar foi uma das cirurgias que mais evoluiu nos últimos anos, aliás não só cabelo, mas também barba e bigode. Temos hoje equipamentos para realizar a cirurgia com o menor trauma possível, por exemplo, o dispositivo de FUE, que realiza a retirada fio por fio, trata-se de um rotor que tem a ponteira de precisão exata para retirar o cabelo de forma individual, com o mínimo de dano para a área doadora, além de instrumentos óticos que permitem uma ampliação da imagem perfeita para posicionamento do cabelo, mimetizando seu crescimento natural.

Quais os principais riscos de quem busca orientações na Internet?

Sabemos que a Internet e as mídias sociais são repletas de filtros. Estes filtros não são propriamente nas imagens, mas também na forma de vender e divulgar serviços, onde resultados são maquiados e serviços são vendidos sem clareza de como será executado e por qual tipo de profissional. Formas de consulta remota vieram para ajudar, principalmente em um mundo pós pandemia, porém é sempre fundamental checar as fontes e quando pensar em qualquer cirurgia plástica, buscar referência do cirurgião, saber se o mesmo é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

O que esperar para o futuro das cirurgias plásticas e procedimentos estéticos?

Em um mundo pós pandemia, observamos vários comportamentos. Existem aqueles que descuidaram da saúde, mas muitas pessoas passaram a cuidar mais do próprio corpo. A cirurgia plástica tem uma função social. Passamos a entender que nosso corpo é nosso maior patrimônio e de fato devemos cuidar dele, seja com uma alimentação saudável, exercícios físicos e também, porque não cuidados com a aparência, desde um tratamento para suavizar os sinais do envelhecimento facial, assim como corrigir as alterações que uma mãe tem no corpo em decorrência da gravidez, tratamentos para queda do cabelo ou mesmo reconstruir a mama depois de ser retirada por um câncer. Claro que, tudo isso, respeitando e seguindo todas as normas de segurança e com profissional habilitado.