
Se a situação já era ruim, agora ficou ainda pior. A chuva ininterrupta deste domingo (30), a maior dos últimos cinco anos em Bauru, com 150 milímetros, fez com que moradores dos bairros mais afastados do centro sentissem na pele as consequências em cima de uma infraestrutura que já era precária. Se para os munícipes do Parque Manchester, Quinta da Bela Olinda e do bairro rural Águas Virtuosas, por exemplo, já eram desesperadoras, devido às ruas serem de terra, agora, segundo eles, é insustentável. E ainda há, de acordo o IPMet, previsão de chuva para a semana.
O JC percorreu diversos bairros nesta segunda-feira e a cidade está com dezenas de ruas absolutamente intransitáveis. Para chegar até uma moradora do Manchester, por exemplo, foi necessário deixar o carro e percorrer mais de 500 metros a pé para ouvir e testemunhar a reclamação dos moradores que se sentem ilhados e abandonados pelo Poder Público. Há uma cratera gigantesca no cruzamento da rua Comendador Pereira Inácio com a rua Rubens Barone Bovoloni.
Segundo a dona de casa Nathalia de Camargo Saroa, 29, que reside no Manchester há 19 anos, o bairro está um caos. "Já estava ruim e com essas chuvas tudo ficou ainda pior. No domingo ficamos atolados na rua Francisco Mandaliti. E aqui dentro do bairro temos várias ruas sem condições de passar com carro e moto. Para irmos pegar um ônibus, então, temos que caminhar 30 minutos até o Parque Santa Terezinha", relata. Ela acrescenta que no final de semana ficaram várias horas sem fornecimento de água e energia elétrica. As terras das ruas que foram arrastadas deixaram expostos poços de visita e derrubaram um poste da CPFL, ambos na rua Milton Dias de Carvalho.
Ainda no Manchester, também precisam de reparos urgentes as ruas Felício Lanzara, Luciano Marcelino, Conde Matarazzo, Fernando Ávila Parra, Milton Dias de Carvalho e Natal Fornazari.
ÁGUAS VIRTUOSAS
No bairro rural Águas Virtuosas, todo início de ano é o mesmo sofrimento com o período das águas. Eles exigem o básico, há anos, mas é um sonho que segue inalcançável. Edson Borges, proprietário da mercearia que é ponto de referência, relata que a chuva voltou a estragar ainda mais as ruas e recorda um problema gravíssimo, o assoreamento do Rio Batalha. "A chuvarada voltou a levar toneladas de terra lá para baixo, na cabeceira do rio. É preocupante", comenta o policial militar aposentado. Neste bairro, conforme a reportagem averiguou, trechos das ruas Agenor Lopes e Roberto Misquiati estão intransponíveis por automóveis.
RACHADURAS
Outro bairro bastante destruído é a parte baixa da Quinta da Bela Olinda. De acordo com um aposentado de 74 anos, que não quis se identificar, ele e a esposa estão ilhados na quadra 3 da rua Frederico Pagani. Esta rua de terra, inclusive, está destruída em diversos quarteirões. Outro problema de interdição total para o tráfego está entre esta rua e uma viela de acesso para a rua Neme Saleme Neme.
Segundo Leandro Joaquim, Secretário de Obras, para as intervenções é necessário esperar a chuva dar uma trégua devido ao solo estar muito úmido. "É até perigoso colocar máquina no local", acrescenta. Pelo Jardim Pagani, o asfalto de toda a extensão da rua Henrique Mingardi ficou bastante danificado. Na quadra 8 os moradores colocaram um sofá velho em um grande buraco, para sinalizar motoristas.