O trecho evangélico da santa Missa de hoje - Lc 5,1-11 - conta uma história de pregação, pesca, vocação e missão: Jesus prega de dentro da barca de Simão Pedro, proporciona uma pesca milagrosa, chama Simão e companheiros ao seu seguimento e a se fazerem pescadores de homens e os envia a águas mais distantes e profundas para a missão de evangelizar. Os vocacionados, deixando tudo, família, barcos e redes, seguiram a Jesus.
Na perspectiva do Magistério da Igreja, sobretudo do Papa Francisco bem como do Documento dos Bispos da América Latina aprovado em Assembleia recentemente realizada em Aparecida, a vocação e a missão dos seguidores de Jesus Cristo os transformam em discípulos missionários misericordiosos.
Discípulos Missionários Misericordiosos: A Igreja, hoje, necessita de discípulos encantados e apaixonados por Jesus Cristo, missionários audazes e corajosos. No Documento de Aparecida os Bispos afirmam que os discípulos necessitam aprofundar o encontro com jesus, ponto de partida do qual tudo procede, e desenvolver uma vida espiritual renovada no amor da Trindade que lhes dê firmeza no discipulado, os impulsione e os sustente na missão (cf. DAp 243-245). No Evangelho de hoje sobressai o encontro de Simão com Jesus. Foi uma experiência que lhe transformou a vida. Simão já conhecia Jesus por sua fama, milagres e seguidores. Ali estava reunida uma multidão. Por seu respeito reverencial, Simão obedeceu a Jesus que lhe ordenou a avançar para águas mais profundas e a lançar as redes para a pesca, o que não faria a nenhum outro, pois dessa arte de pesca ninguém entendia melhor do que ele. Ele disse a Jesus: "Em atenção à tua palavra, vou lançar as redes". Deu-se a pesca milagrosa. Então, apoderou-se de Simão o espanto. Ajoelhou-se aos pés de Jesus e lhe falou: "Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador". Tiago e João, sócios de Simão, também ficaram espantados. Jesus respondeu a Simão: "Não tenhas medo! De hoje em diante, tu serás pescador de homens". André, Tiago e João juntaram-se a Simão e os quatro deixaram tudo e seguiram a Jesus. O Papa Francisco vem dizendo que o nome de Deus é misericórdia. E o que o mundo hoje mais precisa é de misericórdia, porque muitos são os feridos, os pobres, os marginalizados, doentes, atribulados, pecadores etc. O Papa afirma que os discípulos missionários devem dar existência ao amor misericordioso de Deus na terra. Diante da multidão dos rostos feridos e dos olhos aflitos, que esperam misericórdia e compaixão, os discípulos missionários não podem virar a sua face nem desviar o seu olhar, mas devem agir como Jesus agiu que não julgou nem condenou nem perdeu ninguém, mas a todos curou e salvou. O discípulo missionário é enviado à missão da misericórdia.
Igreja em estado permanente de missão: Este é o grande apelo que os Bispos em Aparecida dirigiram à Igreja. No Documento de Aparecida, os Bispos dizem que todos os batizados na Igreja são missionários. É preciso uma missão corpo a corpo, de casa em casa, de comunidade em comunidade, com muita criatividade e imaginação. Isto significa o estado permanente de missão da Igreja (cf. DAp 551). Segundo diz o Papa Francisco, "A Igreja tem a missão de anunciar a misericórdia de Deus... Esta é uma tarefa urgente... O que a Igreja mais precisa é da capacidade de curar as feridas e de aquecer o coração dos fiéis" (MV,12).
Para melhor exercer a sua vocação e missão a Igreja precisa conservar-se em estado permanente de missão.