
A primeira turma do curso de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em Bauru irá se formar no final do próximo ano, mas os estudantes ainda aguardam a criação da Faculdade de Medicina, para que possam ser diplomados dentro desta nova unidade do câmpus. Enquanto os trâmites não são concluídos, a instituição solicitou à Secretaria de Estado da Educação o reconhecimento do curso de Medicina como integrante da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB/USP), o que deve ocorrer ainda em 2022.
Assim, caso a unidade própria da Medicina não seja criada até a formatura, os alunos poderão se graduar pela FOB, a qual o curso está vinculado dentro da USP hoje. "Mas é claro que, se a Faculdade de Medicina for criada neste meio tempo, pediremos para mudar", esclarece a diretora da FOB, Marília Afonso Rabelo Buzalaf. Ela explica que, no início deste ano, uma comissão foi formada para elaborar um projeto com toda a estrutura acadêmica e administrativa que irá compor a nova unidade, incluindo departamentos, comissões, diretoria e orçamento próprio.
Inicialmente, este projeto terá de ser aprovado nas instâncias internas da FOB e, depois, por dois terços dos membros do Conselho Universitário (CO), em São Paulo. "O grupo de trabalho terá até o fim de junho para concluir o projeto. Se tudo ocorrer como esperado e não houver nenhuma mudança de planos, até o final deste ano, a faculdade estará criada", frisa.
Ela reforça, contudo, que a possível aprovação da nova unidade do câmpus só ocorrerá quando for concluída a transferência, para a Secretaria de Estado da Saúde, da gestão do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC), o Centrinho, e do Hospital das Clínicas. Trata-se de uma condicionalidade estabelecida pelo próprio CO no passado, quando as tratativas para a criação do curso de Medicina foram conduzidas.
"Por conta de toda esta situação que está acontecendo [de reivindicações para que o HRAC/Centrinho continue vinculado à universidade], a qualquer momento, se o reitor julgar apropriado, ele pode dissolver a comissão e paralisar o processo [de elaboração do projeto]", alerta a diretora.
REITOR DA USP
Em entrevista coletiva concedida no final do mês passado, quando esteve em Bauru, o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, também não deu garantias sobre a aprovação da nova unidade. "Vamos depender de vários fatores para tomar esta decisão ou não. Existe uma comissão trabalhando para estudarmos esta possibilidade", comentou.
Até o momento, ao menos, não houve qualquer atraso nos trâmites. Porém, segundo Marília Buzalaf, se qualquer imprevisto ocorrer, os estudantes não serão prejudicados, porque poderão se formar pela Faculdade de Odontologia. "Serão médicos da mesma maneira, só que graduados pela FOB/USP. Não há nenhum impedimento legal em relação a isso", reforça.
Ouvido pelo JC sob a condição de anonimato, um dos alunos que participam ativamente das discussões em torno da melhoria do curso afirma que os estudantes, de forma geral, consideram importante a obtenção do diploma pela Faculdade de Medicina. "Isso dará maior segurança tanto para os que estão saindo quanto para aqueles que estão chegando", pondera.
O aluno garante ainda que, neste momento, as turmas não manifestam apreensão sobre um eventual risco de a nova unidade não se efetivar. "O cronograma está em andamento e a gente espera que ele seja cumprido. Estamos aguardando um desfecho positivo: que a faculdade já tenha sido criada até o final do ano que vem. Se isso não ocorrer, sentaremos com a coordenação do curso para ver como ficará, mas acredito que tudo será resolvido", completa.