Wagner Teodoro

'Aconteceu o futebol'

08/05/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Pep Guardiola viveu grande frustração durante a semana com a eliminação de maneira surpreendente do seu Manchester City frente ao Real Madrid na Liga dos Campeões. A surpresa fica pela maneira como ocorreu o desfecho do confronto semifinal, não pela classificação do clube espanhol, afinal era um duelo aberto e os merengues têm time, história e tradição. Mas foi aquilo que todos nós vimos, uma espécie de ressurreição, com dois gols em dois minutos já entrando nos acréscimos para forçar a prorrogação e, depois, outro gol e vaga, mais uma vez, na decisão do título.

Dificilmente tem algo pior no futebol do que perder da maneira como o City perdeu. Talvez sofrer um 7 a 1... Mas a decepção de quem tem obsessão de segurar a "Orelhuda" pela primeira vez - os Citizens perseguem este título com todas as forças - não deve ser fácil de digerir. E Guardiola deu entrevista muito interessante após a traumática queda. Entre várias declarações, algumas me chamaram atenção. A primeira é a explicação para a virada. "Se me perguntar o que aconteceu, eu digo: aconteceu o futebol. E eu aceito", comentou.

Pep destacou ainda o imponderável fator emocional. "A emoção dos jogadores, diga-me qual a estatística sobre como eles se sentem naquele momento?" O City foi criticado por "amarelar". Pode até ser, mas Guardiola também teve resposta para isso. "Você joga com emoções e elas são incontroláveis". Analisando friamente, pode um time, em semifinal de Champions, dar o mole que o City deu? Não. Mas acontece. Isso realmente é o futebol. Aliás, isso é o esporte.

Assim, o arquirrival do City, o Manchester United, virou uma final da Liga dos Campeões, em 1999, sobre o Bayern de Munique com dois gols nós acréscimos e foi campeão, quebrando tabu de mais de 30 anos. O jogo parecia estar definido e tudo mudou também em dois minutos naquela ocasião. Era a final... a taça escapou por segundos das mãos dos alemães.
O Palmeiras sofreu virada em 4 a 3 do Vasco na final da Copa Mercosul, em 2000, depois de ganhar o primeiro tempo por 3 a 0. No intervalo, a impressão era de que a segunda etapa seria mera formalidade. Porém, em pleno Palestra Itália, foram quatro gols em um período, o último deles já nos acréscimos, aos 48 minutos. Impressionante, inimaginável... Quais adjetivos mais?

Acontece no Esporte

E não é só no futebol. O fortíssimo vôlei brasileiro tem no currículo duas viradas sofridas em Jogos Olímpicos. Em Atenas-2004, o feminino vencia a Rússia por 24 a 19 no quarto set da semifinal. Ganhando por 2 sets a 1, precisava de um ponto, um pontinho, para ir à final. Mas viu as russas virarem, forçarem o tie-break e avançarem à decisão do ouro. Episódio que doeu mais do que as derrotas para Cuba nos anos 90. Na semifinal de Toquio-2020, o masculino ganhava o terceiro set diante da Rússia - sempre os russos! - por 20 a 12. Mas sofreu pane, perdeu a parcial e o jogo por 3 a 1. Inacreditável nos dois casos. Mas aconteceu. Acontece.

Pipocaram o City, o Bayern, o Palmeiras, o Brasil? Há quem goste desta simplificação. Mas, além do que Guardiola argumentou, cabe ainda a reflexão sobre os méritos dos vencedores. Voltando ao City, o time empilhou gols perdidos em casa no jogo de ida das semifinais. O placar de 4 a 3 poderia ter sido, sem exagero, 5 a 3, 6 a 3. Aí, provavelmente não teria virada. Mas assim é o esporte, teimando em criar jornadas épicas.

Liga ou desliga?

Libra, parece que a única concordância dos clubes brasileiros é em relação ao nome da liga brasileira de futebol, por enquanto, é no nome. Reuniões vêm ocorrendo, oito já assinaram documento de criação, outros protestam pelo modo como o processo vem sendo conduzido e clamam por algo mais democrático. Há ainda grande divergência sobre divisão de receitas. Em tese, encontro na sede da CBF com os 40 principais clubes sacramentaria, com aval da confederação, a criação da Libra. Mas 27 clubes se uniram em repúdio à atual proposta e sugerem mudanças e diálogo. É esperar para ver se dá liga ou desliga.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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