Mais uma vez, o Brasil virou piada sem graça no exterior e aqui nos resta brincar com o novo xadrez formado. Algumas dessas afirmações já abundaram nas redes (anti)sociais, mas deixo minha contribuição adicional aos que já "piadaram" o tema. Se os Estados Unidos perderam suas torres, exatamente 21 anos atrás, a Inglaterra perde agora a rainha no momento em que os bispos se preparam para, provavelmente, eleger um novo papa.
Em nosso governo fica o cavalo a comandar os peões que sempre são sacrificados primeiro. Mas é importante ressaltar que essa peça somente se movimenta em "L". Assim, a tal suposto comandante caberia apenas o xadrez prisional. Resta o resgate da música de Ray Charles, primeiro e único, que morreu há 18 anos, para completar o tabuleiro.
O conteúdo de tal carta, anteriormente enviada à grande mídia dos jornalões, por óbvio, foi preterido, pois entendo que é uma bobagem da piada pronta, mas que acaba por conter alguma trágica seriedade. A morte da Chefe de Estado britânica trouxe à baila os limites entre essa função e a de Chefe de Governo, às vezes nebulosa quando o sem poder de fato se sobressai em relação ao que possui o poder de direito.
No Brasil, além das patacoadas pelo hemisfério norte, em que a confusão se deu entre o que é propaganda política e o que é representação nacional, nosso Parlamento nos oferta com dilemas menos hilários, pois assume o mágico poder da destinação do orçamento, sem prestar contas a quem gerou o recurso financeiro, e não assume a responsabilidade.
Tudo acaba por se tornar fruto da frase "rindo de nervoso": a inspiração pelo clima mais retrógrado aumenta e "palavras puxam palavras", como disse o colunista Sérgio Rodrigues, citado neste espaço em "Outras traduções e transcrições" (10/7/2022).
O autor é pesquisador da Unesp - Rio Claro.