Se a sua família tem aquelas figurinhas carimbadas tipo “o tio que foi preso” ou “a avó que jurava ter sangue nobre”, saiba que o novo papa americano também não fica atrás. A equipe de genealogistas do New York Times foi 500 anos fundo e descobriu que o Papa Leo XIV, nascido Robert Francis Prevost, tem uma árvore genealógica que inclui africanos livres, escravizados, escravizadores (inclusive negros), heróis da independência e até parentesco com celebridades pop.

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A pesquisa, divulgada no New York Times, revelou que 17 dos ancestrais americanos do papa eram negros. Documentos antigos se referem a eles com termos da época, como “negresse”, “pessoa livre de cor” e até “quadroon” e “mulâtresse créole”. O avô paterno, Joseph Nerval Martínez, nasceu no Haiti, filho de pais afro-americanos que viveram entre Nova Orleans e o Caribe no século XIX.

Aqui entra uma reviravolta de dar nó em historiador: pelo menos 12 ancestrais do pontífice foram identificados como proprietários de escravizados: oito deles eram negros. Um deles, Marie Jeanne, foi inicialmente escravizada por François Lemelle (com quem teve ao menos seis filhos). Em 1772, François libertou Marie Jeanne e duas filhas, e ao morrer, deixou a ela parte da herança, que incluía 15 pessoas escravizadas. Anos depois, ela própria possuía cinco cativos e mais de mil acres de terra.

Nem só de controvérsias vive a linhagem do papa: há também dois antepassados considerados heróis da liberdade. Charles Louis Boucher de Grandpré, comandante da milícia da Louisiana no século XVIII, capturou postos britânicos durante a Revolução Americana. Já Antonio José de Sucre, primo de quinto grau do papa, foi um dos principais nomes da independência da América Latina e o primeiro presidente eleito da Bolívia. Sim, aquele Sucre, amigo de Simón Bolívar e nome de cidade e moeda.

Para temperar a árvore genealógica com um toque pop, o papa também é nono primo (com algumas remoções no caminho) de nomes como Hillary Clinton, Angelina Jolie, Madonna, Justin Bieber, Pierre e Justin Trudeau, e até do escritor beat Jack Kerouac.