VISITA AO SENADO

Bolsonaro diz não temer denúncia e afirma ter votos para anistia

Por Thaísa Oliveira e Ranier Bragon | da Folhapress
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução/Bolsonaro no Instagram/Arquivo
Jair Bolsonaro (PL) disse que está tranquilo diante da possibilidade de ser denunciado pela PGR
Jair Bolsonaro (PL) disse que está tranquilo diante da possibilidade de ser denunciado pela PGR

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta terça-feira (18) em visita ao Senado que está tranquilo diante da possibilidade de ser denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) sob acusação de ter liderado uma trama golpista em 2022, o que pode ocorrer ainda nesta semana.

O ex-presidente disse ainda acreditar já ter votos na Câmara dos Deputados para aprovar a anistia aos responsáveis pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023.

"Não tenho nenhuma preocupação quanto às acusações, zero", disse a jornalistas após almoço com senadores aliados.

"Estou aguardando chegar [a denúncia]. Espero que agora eu possa ter acesso aos autos. Você já viu a minuta de golpe, por acaso? Não viu. Eu também não vi. Já viu a delação do [Mauro] Cid? Você não viu. Estou aguardando."

Bolsonaro foi ao Senado nesta terça para tenta manter a oposição unida diante do cerco do Judiciário. O ex-presidente foi indiciado pela Polícia Federal sob suspeita de tentativa de golpe e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, indicou que a denúncia contra ele está praticamente finalizada.

Após o encontro com aliados, Bolsonaro criticou a decisão da Justiça Eleitoral que o tornou inelegível e voltou a atacar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O ex-presidente afirmou que Lula (PT) está "derretendo" e insinuou haver um movimento para impedi-lo de disputar a eleição contra o petista.

"Isso é motivo de inelegibilidade ou eles querem negar a democracia e me impedir de disputar a eleição? Estão com medo do quê?", questionou o ex-presidente ao dizer que Lula estava derretendo. "O TSE trocou [o presidente da República] e o povo está vendo que não deu certo."

Pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira (14) mostrou uma queda de 11 pontos em dois meses no percentual de brasileiros que aprovam o governo Lula, de 35% para 24%. A reprovação também se mostrou recorde, ao passar de 34% para 41%.

O ex-presidente negou estar negociando uma anistia a si próprio alegando que o projeto de lei não tem o nome dele e que nem sequer estava no Brasil em 8 de janeiro.

Apesar de ter tentado se descolar da anistia aos golpistas, Bolsonaro defendeu abertamente o projeto de lei que muda a Lei da Ficha Limpa para reduzir o prazo de inelegibilidade de condenados ?medida que poderia beneficiá-lo.

Assim como disse em vídeos e entrevistas nos últimos dias, Bolsonaro declarou que a Lei da Ficha Limpa "está sendo usada para beneficiar a esquerda e perseguir a direita". "Justifica me tornar inelegível por que eu me reuni com embaixadores? É negar a democracia não deixar eu disputar", disse.

Em outubro do ano passado, o ex-presidente também foi pessoalmente ao Senado para selar o apoio do PL ao então candidato a presidente, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Após a reunião, defendeu enfaticamente a anistia aos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e a ele próprio, que está inelegível.

Desta vez, Bolsonaro ressaltou a conversa que teve com o presidente do PSD e Secretário de Governo do Estado São Paulo, Gilberto Kassab, e disse "sentir" que a maioria do partido ?que integra a base de Lula? votaria a favor da anistia aos envolvidos no ataque.

"Acho que na Câmara já tem quorum para aprovar a anistia", afirmou. "Há dez dias conversei com o Kassab, uma conversa reservada. Hoje, o que eu sinto, conversando com parlamentares como os do PSD, a maioria votaria favorável."

O senador Marcos Rogério (PL-RO) diz que o ex-presidente foi convidado pela bancada para discutir as prioridades da oposição antes da volta aos trabalhos. Bolsonaro chegou ao Senado com o líder do grupo, senador Rogério Marinho (PL-RN).

Bolsonaro foi declarado inelegível pelo TSE em junho de 2023. A ação julgada teve como foco a reunião em julho de 2022 com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República.

Na ocasião, a menos de três meses da eleição, Bolsonaro fez afirmações falsas e distorcidas sobre o processo eleitoral, alegando se basear em dados oficiais, e buscou desacreditar ministros do TSE.

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Comentários

1 Comentários

  • LUIS ROBERTO ROMERO 18/02/2025
    Vamos ver se agora o genocida vai pra gaiolinha.