De vez em quando acontece e em qualquer lugar. Por falta de lenha, querosene ou eletricidade, bastando não ter combustível ou energia para que a escuridão tome conta do espaço. Recentemente caiu a energia elétrica na região de Guarulhos, na Grande São Paulo, devido a um inesperado e eficiente curto circuito. Mais para um “longo circuito” causado pelaqueda de uma prosaica pipa, que o vulgo araçatubense conhece mais por “empinar papagaio”, que se chocou contra a fiação de uma subestação de alta tensão. De fato foram dois curtos circuitos, o primeiro, provocado pelo corpo da pipa que a faz flutuar, e, o segundo, quando a rabiola, estrutura que dá direção, enroscou na fiação condutora e ampliou o desastre. Quase 900.000 pessoas permaneceram horas sem energia elétrica, cujo apagão – esse é o apelido do blecaute - afetou não só parte de Guarulhos, comotambém Cidade Tiradentes, Vila Paulista, Guaianazes e Lajeado. Um problemão!
Mas apagão tem outro significado relacionado ao comportamento humano, quando alguém é acometido de estranho lapso ou comprometimento mental que o faz diferente do que sempre foi. Diz-se que fulano teve um apagão quando esquece coisas primárias ou deixa de agir do modo esperado. Com o tempo a palavra, na dinâmica da linguagem corrente, foi ganhando contornos os mais diversos, inclusive nos ambientes sociais, culturais e esportivos.
Não sou especialista, mas o que se vê de apagão acontecendo com os melhores clubes de futebol é assunto a ser estudado. Aconteceu, por exemplo, com a Seleção Feminina de Futebol no jogo olímpico contra o Japão, com as atletas perplexas(êpa!) por terem sido surpreendentemente derrotadas. Acordaram a tempo e acabaram honradamente os jogos com a medalha de prata. Já a Seleção Masculina principal tem cometido os piores momentos do futebol brasileiro, mesmo prestigiada pela grande torcida. Se bobear, nossa selecinha poderá até ficar de fora da próxima Copa do Mundo dos USA, Canadá e México pela primeira vez na história. Será um belo apagão!
Algo similar sucedeu com o escrete local, a AEA-Associação Esportiva Araçatuba. Após maratonar bravamente o ano todo na Bezinha e assegurar o primeiro lugar na fase de pontos corridos, garantindo o direito de disputar as partidas da semifinal com vantagem de se classificar para a grande final com apenas dois empates, deu-se o primeiro apagão em Caieiras, diante do valente Colorado que, mesmo perdendo em casa por um gol, teve facilidade para virar o jogo e ganhar por dois tentos.
Na partida de volta, a expectativa geral era de goleada da AEA para retomar seu merecido lugar. Do nada e num Adhemarzão lotado, nossa AEA tomou um “chocolate” de 3 a 0 do atrevido Colorado e sofreu seu segundo, seguido e inesperado apagão, que tirou o time da final e do direito de acesso à categoria superior do Campeonato Paulista de Futebol. Vai amargar outra maratona no ano que vem. Sei não, mas acho que caiu uma pipa desgovernada na concentração da AEA...
Jeremias Alves Pereira Filho - Sócio de Jeremias Alves Pereira Filho Advogados Associados; Especialista em Direito Empresarial e Professor Emérito da UPM-Universidade Presbiteriana Mackenzie. Araçatubense nato.
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