SONHO COM O FUTEBOL

Goleiro e árbitro, Zé só pensa na família: ‘na luta por eles'

Por Erivan Monteiro | erivan.monteiro@jpjornal.com.br
| Tempo de leitura: 2 min
Claudinho Coradini/JP
Zé: ‘Com o dinheiro dos três jogos ajudei em casa e ajudei nos transportes dos treinos’
Zé: ‘Com o dinheiro dos três jogos ajudei em casa e ajudei nos transportes dos treinos’

Luís Henrique Cassimiro de Oliveira tem 14 anos, estuda, treina como goleiro e é quarto árbitro na Taça das Favelas, onde ganha uns trocados para ajudar em casa. A jornada tripla durante a semana e aos sábados tem um único objetivo: vencer no futebol e dar uma melhor qualidade de vida a seus pais e irmã. “Estou na luta por eles”, diz.

Zé, como é chamado pelos amigos e colegas de bola, começou cedo o sonho de ser atleta. Iniciou sua peregrinação em busca de um clube aos 11 anos. Fã do ex-corintiano Cássio, arriscou os primeiros passos debaixo das três traves. Se encontrou e decidiu ser goleiro.

Começou sua carreira na base do União Barbarense, depois passou por Velo Clube (Rio Claro), XV de Piracicaba, Red Bull Bragantino (Bragança Paulista) e Independente (Limeira), seu atual time. Viaja à cidade vizinha entre duas e três vezes por semana para trabalhar e manter vivo seu projeto de vida.

“Treino há um mês lá. Sempre busco me dedicar ao máximo e fazer valer a pena tudo que estou fazendo”, conta o aspirante a craque. “Quero me dedicar na minha profissão para poder um dia estar lá com os melhores (jogadores)”, complementa o garoto.

Filho de mãe diarista e pai caldeireiro, o adolescente sabe que terá sempre o apoio vindo de casa, por isso sua meta é dar a eles um futuro melhor caso vença como profissional da bola. “Pretendo dar uma casa primeiro para depois vim carro, viagem, presente”, enumera.

LOUÇA

O garoto estuda diariamente das 7h às 14h no oitavo ano da EE Mello Ayres. Quando não tem treino, volta para casa, no bairro Santa Rosa Ipês, e auxilia um pouco nos serviços domésticos. “Quando chego em casa, já está tudo limpo; só lavo a louça”, diz.

Na escola, todos já sabem de seus planos futuros. E garante que seus colegas torcem por ele nesta longa “empreitada” de vida rumo ao sucesso no esporte. “Sim, eles me apoiam alguns até ajudam com a carona”, revela o garoto.

ÁRBITRO

Para ganhar algum dinheiro e ajudar em casa e no próprio sustento com as viagens a Limeira para treinar, Zé fez um curso de arbitragem (uma das ações promovidas pelos organizadores da Taça da Favelas) e começou a atuar na competição deste ano.

“Na Taça das Favelas fiz (curso) como quarto árbitro. Um dia, o Douglas (Douglas D’Andréa, um dos organizadores do evento) me chamou para apitar a abertura da Taça das Favelas e eu fui”, conta.

Na estreia, o garoto foi bem em suas funções (foi quarto árbitro nas partidas entre Industrial e Alvorada; Monte Líbano e Jardim Glória; e Sonia e Santo Antônio) e seguiu na escala do torneio. “Com o dinheiro dos três jogos ajudei em casa e ajudei nos transportes dos treinos”, vibra.

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