DIFICULDADES

Araçatubense se aloja sob arquibancada de estádio na USP à espera de vaga em moradia

Estudantes que aguardam vaga na moradia estão vivendo em quartos de péssimas condições no estádio. Calouro araçatubense expõe a situação.

Por Maryla Buzati | 29/04/2024 | Tempo de leitura: 3 min
da Redação

Arquivo pessoal

Estudantes vivem em quartos quentes e úmidos
Estudantes vivem em quartos quentes e úmidos

Aproximadamente 50 calouros estão no Cepe (Centro de Práticas Esportivas) da USP de São Paulo, em alojamentos sob a arquibancada do estádio de futebol. Eles aguardam por vagas no conjunto residencial da instituição, o Crusp, enquanto dizem sofrer com pragas e problemas estruturais.

Os alojamentos foram abertos no fim de fevereiro. Naquele mês, começaram a ser divulgados alguns nomes elegíveis ao auxílio-moradia da universidade, dividido em dois grupos: parcial, de R$ 300 mensais e estadia no Crusp; e integral, R$ 800 mensais para custear aluguel enquanto aguarda por um quarto.

O araçatubense Breno Antoniole, 18, estudante de Ciências Sociais, é um dos que estão vivendo no alojamento do Cepe. Ele afirma que se inscreveu para obter uma vaga no Crusp, e contava com a moradia quando se mudou para São Paulo para iniciar os estudos. Mas quando chegou lá, ele descobriu que as vagas eram somente para quem passou na primeira chamada.

“Isso também pegou várias pessoas de surpresa. Muitos estavam contando com isso, a gente precisava disso e ainda precisa”, diz. Breno contou sua situação para uma amiga, que tinha conhecido há algumas semanas, e ela aceitou que ele ficasse no quarto dela, no Crusp, onde permaneceu por 6 dias.

O rapaz explicou que a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP), que é responsável por oferecer serviços de apoio e benefícios sociais à permanência estudantil, não tem controle sobre a disponibilidade de vagas no Crusp. Há, inclusive, quartos impróprios para moradia, precisando de reformas ou manutenção, alguns até de pessoas que saíram do quarto para que pudessem fazer as melhorias e ainda não fizeram. Há também um bloco em reforma que já era para ser entregue e está demorando muito. Por isso, os estudantes sabem que tem vaga na moradia e continuam insistindo.

Péssimas condições
No dia 29 ele recebeu um e-mail informando que poderia se abrigar no Cepe. “Então eu fui, porque era o que me cabia naquele momento”.

O local é formado apenas por quatro quartos, sendo dois masculinos e dois femininos, com 9 beliches em cada. Os quartos são quentes e úmidos, com mofo, infiltrações, e no banheiro masculino não há divisória entre as duchas. Quando alguém fica doente, rapidamente os outros também ficam, por conta das condições sanitárias.

“Quando esses quartos foram construídos, não foi pensado para abrigar pessoas por muito tempo. Era só para hospedar jogadores durante o período de jogos”, conta Breno. Ainda assim, em 2019, esses alojamentos chegaram a ser fechados pelas condições precárias.

Os residentes só se alimentam no bandejão da faculdade. “Não dá para guardar alimentos no dormitório, pois pode atrair insetos”.

A USP divulgou que os alunos têm até 17 de maio para deixar as dependências do Cepe, impreterivelmente. Enquanto isso, os atuais moradores esperam por uma vaga no Crusp.

Do grupo que está nos alojamentos, 35 alunos receberam o auxílio de R$ 800. Mas o valor, segundo os estudantes, é insuficiente para custear aluguel próximo à Cidade Universitária, no Butantã, zona oeste da capital. Por isso, todos permaneceram no local.

Breno é um dos que conseguiu o auxílio integral na segunda chamada, mas a situação ainda não é nada fácil. “Eu sou de Araçatuba, que já é longe de São Paulo, tenho dificuldades socioeconômicas, principalmente pra me bancar aqui na capital, onde tudo é muito caro.”

Segundo ele, todos querem ir para o Crusp, só que é um processo muito burocrático. Muitos não passaram na primeira chamada, nem na segunda, então estão tentando entrar com recursos, mandar mais documentos para aumentar a nota para conseguir uma vaga. “Isso acaba demorando muito e é desgastante. Então, acaba sendo uma experiência muito ruim mesmo”.

Agora, Breno espera que seja aceito pelo menos na próxima chamada, que sai no dia 10 de maio.

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