
Setembro Amarelo chega ao final com muitas – talvez incontáveis – ações focadas na prevenção do suicídio, no Brasil e no mundo. Em exibição nos cinemas nacionais desde o dia 12 de setembro, o filme “Divaldo, o mensageiro da paz” também traz o tema para reflexão em dois momentos importantes, no roteiro do diretor e produtor Clóvis Mello (Cine).
Primeiro, ainda criança, Divaldo Franco convive com a tristeza da família pela perda da irmã Nair, a Naná (atriz Alice Guêga). Depois, já adulto, transtornado pela obsessão, ele se vê desesperado e corre pelas ruas, subindo na mureta de uma ponte para tentar o suicídio.
E quem espiritualmente lhe aparece? A irmã Naná, ainda com as marcas do veneno que ingerira para se suicidar, aconselhando-o a desistir da ideia, avisando-o de seus sofrimentos, em função do ocorrido. Quando jovem, ela não suportara a vergonha de haver sido traída pelo marido.
A atriz Alice Guêga, que interpreta Naná em sua primeira participação no cinema, revela que também já pensou em suicídio. De família espírita, ela entende que “é importante conseguirmos olhar para a temática espiritual como olhamos pra qualquer outro gênero do cinema. O senso comum sobre religiões infelizmente segrega as pessoas de diferentes crenças, quando o melhor é poder evoluir com as diferenças. A história não tem pretensão de pregar a Doutrina Espírita. Não existe um teor dogmático, mas uma oportunidade de reflexão e questionamento”.
A pesquisa dela para interpretar a personagem suicida remete à outra produção com temática espírita. “Quando o filme ‘Nosso Lar’ entrou em cartaz, eu fui assistir sozinha, e lá descobri o vale dos suicidas e o umbral, lugares que eu nunca tinha ouvido falar. Naquele momento, eu estava passando por várias questões pessoais e tinha pensamentos suicidas. Por conta do filme, criei uma certeza: de que o suicídio jamais seria uma opção a se considerar, visto que não cessa a dor e não ajuda em nada os sofrimentos terrenos, por mais insuportáveis que pareçam ser. Ter a oportunidade de interpretar personagem que traz esse alerta sobre a vida, que não se finda no túmulo, trouxe-me a responsabilidade e a felicidade de poder dialogar com pessoas que possam estar passando por momentos similares aos que eu passei. E, de repente, incentivá-las a mudar a perspectiva sobre essa ‘saída’: que de solução não tem nada”.
Viver tal personagem foi uma quebra de barreiras para Alice Guêga. “Eu tinha muito medo de fazer cinema, mesmo sendo o meu sonho profissional. Contando a história de Nair, eu percebi que poderia estar dando uma chance a pessoas com pensamentos suicidas de continuarem contando suas próprias histórias, tendo oportunidade de repensar o sentido da vida. E não sendo útil somente a quem está passando por fases depressivas e ideações, mas também a quem está ao lado dessas pessoas, convivendo e passando junto por esses momentos. Por isso, a importância do filme, para podermos abrir o diálogo sobre esses temas e conseguir dissolver energias que nos afastam do caminho do amor”.
Em Araçatuba, o filme “Divaldo, o mensageiro da paz” continua em exibição no Cineflix. Em relação à campanha Setembro Amarelo, o Movimento Amor à Vida é uma contribuição de espíritas desde 2017.
Magali Bischoff é jornalista especializada em cinema com temática espírita. Descreve esta Face Espírita/Ano 12 para publicação exclusiva na Folha da Região
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