
A Páscoa para os católicos
A Páscoa é celebrada no Antigo Testamento e tem origem bem remota, distante, mas nós acompanhamos no livro do Êxodo a celebração da Páscoa, que está associada à libertação do povo de Israel. O anjo de Deus passou pelo Egito e, através de Moisés, libertou o povo da escravidão a partir daí o povo sempre celebrou a Páscoa como a memória da libertação da escravidão do Egito, em que se começa uma caminhada para a Terra Prometida.
Para nós, também, ela tem um sentido de liberdade, de libertação, mas não mais a passagem de um lugar para o outro, afinal Cristo, ao celebrar a Páscoa, Ele instituiu o memorial da Sua presença, entre nós. Não mais oferecemos o carneiro da Páscoa, o cordeiro, mas agora o cordeiro é o próprio Cristo, que se mola, se entrega por nós. Nós celebramos a Páscoa a cada ano e em sentido mais próximo a cada missa, a cada domingo, até chamamos domingo de Páscoa semanal, ou seja, nós celebramos o dia do Senhor, como o dia da Ressurreição, e cada vez que celebramos a eucaristia, principalmente aos domingos, nós atualizamos a memória da morte e ressurreição de Jesus. Para nós, então, ela tem esse sentido de passagem da morte para a vida, do pecado para a graça, da escravidão para a liberdade não apenas de uma terra para outra, mas de uma situação para outra. Nós que cremos em Jesus Cristo cremos que ele morreu verdadeiramente ressuscitou, está presente na comunidade. Cada vez que celebramos a eucaristia, pela palavra e pelo pão e vinho consagrados, a Sua memória é atualizada entre nós e a Páscoa é essa grande celebração Dele, que esteve morto por amor à humanidade, se entregou até o fim, numa morte de cruz, mas, ressuscitando, está vivo e presente na vida de cada um de nós.
A Páscoa para os judeus
Em poucas palavras, a Páscoa, ou Pessach (pronuncia-se "pessarr"), é a comemoração da libertação do povo hebreu da escravidão no Egito, há cerca de 3500 anos. Pessach é uma palavra hebraica que significa "passagem".
No ano de 1513 aC, Deus enviou diversas pragas contra o Egito para forçar a libertação de seu "povo escolhido". Ante à relutância do Faraó, Deus determinou que Gabriel, o Anjo da Morte, descesse à terra e executasse sua décima praga, a execução de todos os primogênitos no Egito, mas que deveria poupar as família judias. Através de Moisés, orientou aos judeus que fizessem marcas com sangue de cordeiro ou de cabrito nos umbrais de suas casas, para que o Anjo da Morte pudesse identificar e "passar" por elas sem executar seus primogênitos.
Após a execução, em luto por ter perdido seu próprio primogênito, o Faraó finalmente cedeu e libertou os hebreus. Esta passagem do Anjo Gabriel poupando seus filhos é o Pessach.
O calendário judeu (ou calendário hebraico) é conhecido por ser um calendário lunissolar, isto é, que se baseia nos ciclos da Lua e do Sol. Isto significa que nem sempre coincide com a Páscoa católica. Neste ano de 2019, o Pessach ocorrerá em abril, tendo início ao pôr do sol do dia 19 e se encerrando ao pôr do sol do dia 20.
Não existe um domingo de Páscoa. Para os judeus, o dia do descanso é comemorado no shabat (sabá ou sábado). Daí a expressão "shabat shalom", que significa "paz do Senhor no sábado".
Para nós judeus, Jesus era apenas mais um profeta, como diversos outros que surgiram na época. Sob o jugo romano, os judeus sonhavam com um messias que os libertasse dos invasores. Queriam um herói, um guerreiro.
A mensagem de paz, o discurso de "A César o que é de César", não agradou os líderes judeus de então, que assim passaram a ignorar a pregação de Jesus.
À época de Jesus, a Páscoa judaica já era comemorada havia centenas de anos, de modo que não há uma relação direta entre as duas comemorações. Ocorre que a Última Ceia, como é conhecida pelos católicos, era na verdade a ceia de Pessach que Jesus, um judeu, estava celebrando com os seus seguidores, também judeus.
A Páscoa para os espíritas
Para nós, espíritas, a Páscoa tem um significado diferente. Embora a data tenha tradição judaica e católica, nós consideramos uma reunião de confraternização da família. A interpretação que damos à Páscoa tem a ver com a aparição de Jesus no dia que é chamado de ressurreição que, para nós, não tem o sentido real da palavra. Entendemos como uma revivência, que é a pessoa se tornar ativa, viva, processo de transformação da vida. Para nós, a ressurreição de Cristo é a aparição de seu espírito imortal. Ele apareceu 11 vezes desde que Maria Madalena encontrou o túmulo vazio até 40 dias após esse episódio. Assim, ele deu demonstrações da imortalidade da alma em função de suas aparições dando a certeza de seu espírito à implementação de suas idéias, de seus ensinamentos. Nós espíritas acreditamos que fisicamente ele morreu e o que aparece é ele em espírito, com a impressão de carne, que nós chamamos de materialização. Para nós, são os fenômenos que atestam a imortalidade da alma. A Páscoa é uma reunião de confraternização da família, é um período em que nas palestras, fazemos comentários sobre a prova que Jesus nos deu da imortalidade da alma.
A Páscoa para os budistas
Budismo é o nome dado aos ensinos do Buda, expostos há aproximadamente 3000 anos. Seu fundador, o Buda Shakyamuni, também conhecido pelo nome de Siddharta Gautama, chegou ao estado de iluminação ou estado de Buda, buscando ardentemente solucionar o mais fundamental sofrimento humano. Contrastando com outras filosofias ou pensamentos religiosos, no budismo não há distinção entre os seres humanos e divindades. O budismo é na verdade uma prática consciente para revelar o "verdadeiro eu", em oposição ao "eu circunstancial". Ou seja, buscar o auto-aprimoramento humano revelando nossa potencialidade máxima: a felicidade absoluta. Por ter surgido na Índia e muito antes do nascimento de Jesus Cristo, não há na doutrina budista referências a ele, à sua doutrina e nem mesmo à sua ressurreição, celebrada na Páscoa. Este e outros feriados religiosos, em sua totalidade não-contemplados nos ensinamentos budistas, são respeitosamente tratados pelos praticantes, embora tenham caráter social de feriados. Há um princípio budista chamado Zuiho Bini, em japonês, que prega o respeito profundo à diversidade cultural, desde que os elementos da cultura local não conflitem com o espírito fundamental de nossa crença, que é fé na ilimitada dignidade e no potencial de vida de cada pessoa.
A Páscoa para os evangélicos
A Páscoa é o ápice da celebração cristã, porque nela foi cumprida a promessa feita por Deus de trazer libertação ao seu povo. Libertação do pecado, da condenação, da tristeza, da solidão e da separação. Jesus nasceu no Natal, mas foi na Páscoa, que ele se entregou morrendo na cruz em nosso lugar. Só que mais do que isso, ele não apenas morreu, mas venceu a morte ressuscitando ao terceiro dia. E é através do sacrifício de Jesus em nosso lugar, através da sua morte e ressurreição, que temos liberdade e uma nova vida. É através do sacrifício pascoal de Jesus que temos ligação e um novo relacionamento com Deus. Agora podemos nos tornar filhos. Celebramos a Páscoa porque o Filho de Deus se fez homem para que nós homens pudéssemos nos tornar filhos de Deus. "É nisto que consiste o amor: não em que tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como sacrifício para o perdão de nossos pecados." (1 João 4.10 Bíblia Versão NVT)
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