O fechamento do supermercado Enxuto em Piracicaba, previsto para 30 de agosto, no próximo sábado, representa mais do que o fim de uma operação comercial, o encerramento de um ciclo de gerações com mais de duas décadas.
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Presente desde o início dos anos 2000, a rede se consolidou como ponto de referência para compras, empregos e até convivência social. Ao longo de duas décadas, milhares de famílias passaram por seus corredores, muitos clientes transformando simples idas ao mercado em memórias afetivas.
Para a educadora e moradora do Jardim Brasília, Renata Leite, de 38 anos, o anúncio trouxe um sentimento de perda: “A gente cresceu junto com o Enxuto. Eu vinha com meus pais e depois passei a trazer minha filha. Vai ser estranho não ter mais esse costume”.
O Enxuto também foi porta de entrada para o mercado de trabalho de muitos jovens piracicabanos. O supermercado funcionava como empregador estável e formador de mão de obra no setor de serviços. Agora, com o encerramento das atividades, funcionários vivem a incerteza da recolocação em um cenário de economia preocupante.
Outro marco foi o restaurante anexo, que virou ponto de encontro para trabalhadores da região no horário do almoço e alternativa prática para famílias que conciliavam refeição e compras. "Em casa, acostumei com a esposa falando para correr ali no Enxuto buscar alguma coisa", disse Ricardo Leite, 48, morador do bairro Santa Cecília, próximo do estabelecimento. Com a despedida, esse espaço de convivência também deixa uma lacuna no dia a dia da cidade.
Mais do que um negócio que fecha as portas, para outra marca começar, o Enxuto deixa em Piracicaba um legado de memórias coletivas e laços entre gerações. O vazio que fica não é apenas econômico, mas emocional: a ausência de um lugar que fez parte da história de milhares de moradores e, além de ser o local que abastecia a residência, se tornou o ponto de lazer e encontro.