
Tenho recebido mensagens de meus leitores “envelhescetes” para que eu fale da lombar… essa curva sutil que sustenta tanto do que somos, postura, equilíbrio e presença. Com o passar dos anos, ela começa a falar mais alto. Às vezes em forma de um incômodo discreto, outras em gritos agudos de dor que limitam, travam e silenciam o corpo. Nos idosos, a dor lombar é mais do que uma queixa comum, é um reflexo do tempo, dos hábitos e, sobretudo, do que deixamos de fazer.
O envelhecimento traz consigo alterações naturais na coluna: os discos intervertebrais desidratam, as articulações perdem mobilidade e os músculos que sustentam a região central, o chamado “core”, enfraquecem. Não é castigo. É adaptação. O corpo muda o tempo todo. Mas o que define a qualidade dessas mudanças é como nos movemos entre elas. E aí entra o grande segredo: movimento é remédio. Quem me acompanha ainda não sabe disso?
Quando falamos em exercícios para idosos com dor lombar, não estamos falando de academia, nem de levantar pesos. Estamos falando de pequenos gestos que devolvem à coluna aquilo que ela mais deseja: estabilidade e liberdade. Fortalecer o abdômen profundo, alongar a cadeia posterior, mobilizar a pelve, ensinar o corpo a sustentar-se com gentileza e força. E não é ilusão. A ciência já confirma com doçura o que a prática mostra todos os dias.
Um estudo publicado no Journal of Geriatric Physical Therapy intitulado “The impact of modified exercise and relaxation therapy on chronic lower back pain in office workers: a randomized clinical trial” demonstrou que programas simples de exercícios posturais e de fortalecimento do core podem reduzir significativamente a intensidade da dor lombar crônica em idosos, melhorar a funcionalidade e até o humor. Porque sim, a dor constante também afeta a alma. E é um saco estar com dor ou gastar dinheiro em remédio para isso. E quando o corpo começa a se libertar, a mente respira junto.
Ver um idoso conseguir levantar da cadeira sem dor, caminhar até o mercado com segurança ou amarrar os próprios sapatos pode parecer algo trivial. Mas para quem vive aprisionado em uma lombar que protesta, isso é quase um renascimento. Eu já ajudei a fortalecer esta lombar de inúmeros alunos e até a feição muda. E tudo começa com movimentos simples: uma ponte isométrica na parede, uma respiração diafragmática durante o exercício de força, um alongamento básico e tudo vai melhorando.
Não é sobre impedir a idade. É sobre não entregar o corpo à rigidez que ela tenta impor. A gente vai ficando mais duro mesmo com a idade. Acontece com todos e comigo também nos meus 45 anos de idade. Mas cada exercício é um lembrete de que ainda podemos sustentar o nosso próprio peso com leveza. E talvez seja por isso que, mesmo depois de tantos anos, tantos ossos e histórias, a coluna ainda queira dançar. Só precisa de um pouco de incentivo, um cuidado amoroso e uma chance de se mover outra vez. Mas não esqueça de procurar uma orientação especializada. Sem dor, sorriso no rosto! Até a próxima!
Rogério Cardoso é personal trainer e preparador físico, membro da Sociedade Brasileira de Personal Trainer SBPT e da World Top Trainers WTTC.