Com uma trajetória que começou em 2021 como professor universitário, o diretor acadêmico da Marcelo Zambon é diretor acadêmico da EEP (Escola de Engenharia de Piracicaba) é graduado em Administração e em Ciências Econômicas, com especializações e MBAs em áreas como marketing, educação a distância e empreendedorismo, além de possuir Mestrado e Doutorado em Administração. Como pesquisador, publicou artigos e livros tanto no Brasil quanto no exterior. Empresário, ele também investe no setor de ensino superior. Vive em Piracicaba há mais de 20 anos e divide sua carreira entre Piracicaba, São Paulo e outros países.
Quando assumiu o cargo de diretor acadêmico da EEP (Escola de Engenharia de Piracicaba)? Assumi o cargo de Diretor Acadêmico na EEP no início de 2024. Na minha trajetória, já ocupei o cargo de Diretor Geral e Acadêmico por cinco anos em outra instituição de ensino superior, além disso tenho sido coordenador de curso de graduação e pós, e coordenador geral da área de negócios há mais de 15 anos.
Quais as suas principais propostas para a instituição? Dentre as principais propostas para a EEP estão o objetivo de elevar o destaque da instituição, ressaltando sua importância estratégica para a cidade e toda a região. A valorização do corpo docente é outra prioridade, pois é por meio de uma equipe qualificada que a EEP se dedica a formar profissionais alinhados às demandas do mercado. Também é essencial ampliar a oferta de cursos de graduação e pós-graduação, considerando as oportunidades de formação superior que estejam em sintonia com as necessidades do mercado e da sociedade. Outra proposta é envolver a EEP com a sociedade por meio de eventos, onde se possa compartilhar o conhecimento produzido dentro da instituição, demonstrando que a EEP está sempre de portas abertas para todos. A instituição busca ainda se aproximar mais dos estudantes, promovendo oportunidades de trabalho e desenvolvimento de carreira. Por fim, um dos maiores sonhos é transformar a EEP em um Centro Universitário, elevando ainda mais seu papel e contribuição para a educação e o desenvolvimento da região.
A EEP completou 55 anos neste ano. Quais são, na sua opinião, as principais conquistas e contribuições da escola para a educação e o mercado de trabalho na região? É uma honra fazer parte da história da EEP. Em seus 55 anos, a instituição faz parte da história da cidade e atua para beneficiar Piracicaba, reforçando o poderio acadêmico, científica, tecnológico, comercial e industrial da cidade. Em praticamente todas as grandes empresas da cidade e da região, existem funcionários que estudaram na EEP ocupando os mais diversos cargos, muitos dos quais de coordenação, supervisão, pesquisa, direção, criação dentre outros. São milhares de pessoas formadas pela EEP, ex-alunos que buscam exercer suas profissões com excelência, esta, em grande parte, conquistada com rigor e empenho na EEP.
Com sua experiência em Administração e Marketing, como o senhor vê a importância da área de gestão na formação de engenheiros e profissionais de tecnologia? Vivemos em uma sociedade globalizada, os conhecimentos das diversas áreas se complementam, gerando sinergia, competências e soluções. Esse é o horizonto da área de Administração, tornar os negócios e pessoas mais capazes e bem-sucedidos, gerando riqueza e bem-estar para as pessoas e sociedade como um todo. No campo dos negócios, o Marketing compreende, não apenas a identidade comercial das organizações, mas também sua identidade institucional, e o mesmo ocorre com a imagem pessoal e profissional das pessoas, logo, o marketing colabora para que os mais diversos objetivos de negócios possam ser atingidos, inclusive, os objetivos de imagem profissional ou pessoal, e isso é essencial para profissionais de todas as áreas, logo, para os estudantes dos diferentes cursos da EEP, estejam eles matriculados nas Engenharias, Computação, Contabilidade ou Administração.
Quais têm sido os maiores desafios para a EEP ao alinhar os currículos dos cursos às demandas do mercado de trabalho atual? Em geral a EEP é uma instituição rigorosamente bem alinhada entre as Diretrizes curriculares Nacionais de cada curso, o mercado, os conteúdos programáticos de cada disciplina, e o propósito de cada um dos cursos. Sendo assim, um dos principais desafios é manter constante esse alinhamento, algo complexo e trabalhoso, mas que, conflui da forma esperada graças ao trabalho de uma excelente equipe de Coordenadores, corpo docente e funcionários que tornam o processo de superar desafios em uma caminhada produtiva para o bem comum da instituição, dos que dela fazem parte e sociedade piracicabana. Outros desafios que se impõem são: aspectos econômicos nacionais, concorrência sobretudo com a EAD, redução relativa do número de alunos indo para o ensino superior, busca de recursos para investimentos infraestruturais constantes em tecnologias para produção do conhecimento, dentre outras.
Como a EEP se adapta às mudanças tecnológicas e de mercado, especialmente com o avanço de temas como inteligência artificial? Primeiramente, é feito acompanhando as demandas apresentadas pelo mercado. Partindo disso, a EEP se tornou um expoente de eventos técnicos-científicos, como a Engetec, Semana de Engenharia Civil, Jornada de Negócio, Jornada de Computação e Tecnologia etc., nos quais se discute as mudanças e/ou evoluções tecnologias mais recentes. A grande adaptação da EEP não é estrutural, ela é sim, de capital intelectual.
A EEP oferece um curso de Ciências Contábeis em uma escola predominantemente voltada para engenharia. Qual é o papel desse curso na formação interdisciplinar da instituição? A instituição está alicerçada em cursos da área de Engenharia e da área de Negócios, esta última área contemplando o curso de Administração e de Ciências Contábeis. São cursos essenciais em qualquer parte do mundo, basicamente é possível dizer quem nenhuma organização, governo, sociedade e até mesmo nossas casas funcionam sem conhecimentos gerenciais. Portanto, o papel dos cursos de negócios é promover a boa gestão do sistema econômico, das empresas e de tudo mais que temos no tocante a organização de uma nação.
Dos cursos oferecidos pela EEP, quais os mais e menos procurados? Os cursos superiores, em quaisquer mercados, costumam ter oscilações na demanda. Historicamente é possível dizer que o curso de Administração é sempre muito procurado, os cursos de Engenharia Mecatrônica e Engenharia Mecânica, e cursos das áreas de computação com Engenharia de Computação e Ciência da Computação estão passando uma fase de muito procurados nos últimos anos o que é fantástico. Mas, vale destacar que, Engenharia de Produção, Engenharia Mecânica e Engenharia Civil, além de bem procurados, já passaram por momentos de extrema procura, provando a sazonalidade da demanda. Ciências Contábeis, é um curso relativamente novo na EEP, e para ele acreditamos que a demanda será crescente na medida que mais conhecido o curso se tornar na região.
Quais são as estratégias da EEP para incentivar a inovação e o empreendedorismo entre seus alunos? Para garantir o incentivo a inovação e ao empreendedorismo a EEP explora essas abordagens, por meio de disciplinas, em seus cursos. Os alunos são estimulados e envolvidos com ambientes de negócios, criação de produtos e serviços, análises de mercado, concorrência e novos negócios, dentre outros, objetivando desenvolverem-se estratégica e competitivamente. Essa abordagem faz parte do DNA dos cursos da EEP.
Considerando sua experiência em pós-graduação e EAD, como o senhor avalia o papel da Educação a Distância na formação continuada e qual é a postura da EEP em relação a essa modalidade? A EAD é uma realidade e, por muitos motivos, ela é compreendida com importante, principalmente, na medida que pode alcançar alunos em locais, nos quais seria improvável a instalação de uma instituição de ensino superior tradicional. Essa modalidade, também é bastante interessante para promover formas de contato e disseminação de conhecimento, afinal, ela reflete nossa época atual, momento em que as pessoas vivenciam muitas realizações na esfera digital. A EEP estuda a possibilidade de no futuro oferecer algum curso nessa modalidade, porém, centralmente, a instituição é presencial. Hoje aplicamos em algumas disciplinas aulas digitais síncronas, sendo isto uma necessidade, pois as organizações esperam receber profissionais preparados para o digital, essencial para muitos negócios e, inclusive, para o exercício de muitas profissões.
Em sua opinião, quais são os principais desafios e oportunidades para as instituições de ensino superior no Brasil hoje? Falar de desafios e oportunidades no Brasil, poderia ser tema de um fórum de discussões, e poderia facilmente exigir muitas horas de reflexão, mas pensando nisso, vou destacar alguns pontos. As instituições de ensino, especialmente as públicas, enfrentam desafios variados. Em termos de aspectos financeiros e sustentabilidade, há a dificuldade de lidar com cortes de orçamento e garantir financiamento adequado para as operações. A qualidade do ensino é outro ponto crítico, pois é necessário melhorar especialmente o ensino que antecede o nível superior. No quesito de inclusão e diversidade, o desafio está em assegurar o acesso e a permanência de estudantes de diferentes origens sociais e étnicas, promovendo um ambiente mais inclusivo. Outro desafio importante é a adaptação tecnológica, visto que a rápida evolução das tecnologias exige constante atualização de infraestrutura e métodos de ensino. Em relação à empregabilidade, as faculdades precisam alinhar seus cursos às demandas do mercado de trabalho, garantindo que os graduados tenham as habilidades essenciais e estejam preparados para o contínuo processo de atualização de conhecimentos, meios e técnicas. Ao mesmo tempo, essas instituições também têm muitas oportunidades. As parcerias com o setor privado, por exemplo, podem gerar estágios, projetos de pesquisa e financiamento, beneficiando tanto a instituição quanto os estudantes. Há ainda a oportunidade de incentivo à inovação e pesquisa, o que pode posicionar as faculdades como centros de desenvolvimento tecnológico e social, além de se tornarem referências de inclusão social. A internacionalização também se destaca como oportunidade, preparando os estudantes para serem cidadãos do mundo, lembrando que a internacionalização é um assunto essencial hoje, e sua realização pode ocorrer de diferentes formas: seja indo para outro país, ou pode ocorrer a partir de seu próprio país, mas com contato com outros, e nesse caso, as tecnológicas de comunicação são essenciais. Outra oportunidade é a educação continuada: hoje estudar é para todos e em qualquer etapa da vida, logo, é sempre bem-vindo aprender algo novo, fazer uma segunda graduação, ou pós-graduação. Por fim, os projetos de extensão promovem o engajamento com a comunidade, fortalecendo a relação entre a instituição e a sociedade, ao mesmo tempo em que proporcionam experiência prática aos alunos.