Meias verdades

Por Alex de Madureira | 14/09/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Por Alex de Madureira

Nestes dias pré eleitorais, acirra-se o conflito entre as “verdades” contadas pelos institutos de pesquisa existentes no país, uns mais antigos, com certa credibilidade e outros que aparecem e desaparecem ao sabor das eleições e que a maioria da sociedade não conhece origens e-ou financiadores. Que, como torcedores do time azul ou vermelho, podem estar usando o resultado para animar ou inflamar seus apoiadores. “Estamos atrás, precisamos calibrar nossas campanhas”, dizem os que estão perdendo. “Estamos na frente, precisamos manter”, dizem os eventuais vencedores. Por que eventuais, porque, infelizmente nesse cenário de resultados quase que diários de números que vão e que vem, a cabeça do leitor-eleitor pode pensar como a maioria; como acreditar que uma amostra de 200 pessoas em 50 ou 60 cidades brasileiras, feita por telefone, pode representar o pensamento majoritário de u m país com mais de 200 milhões de habitantes e outros 140 milhões de eleitores. Difícil equação a ser fechada.
Quem se lembrar dos resultados das eleições anteriores para a presidência da república, haverá, por certo de se recordar que o mais famoso telejornal brasileiro, na véspera, anunciou um resultado que acabou não sendo confirmado pelas urnas. Nem no primeiro, nem no segundo turnos. Como explicar esta falha? E como continuar explicando que, mesmo apresentando números que não se confirmaram em 2018, as mesmas empresas de pesquisa, mesmo que maquiadas de volta com outros nomes pomposos, permaneçam a frente do mercado, alimentando resultados duvidosos. Em resposta, escrevem ensaios, artigos livros, mostrando que trabalham com “fotos” que registram determinados momentos e tendências. E que, nem sempre, estas mesmas peculiaridades se confirmam diante dos resultados objetivos de uma eleição. Se são, então, fomentadoras de uma prática discutível, porque insistem em vender, a bom preço, seus trabalhos? Inexplicável, não é mesmo meu caro leitor? E, mais do que isso, porque grandes empresários, banqueiros em especial, insistem em fomentar o discurso ilusório, tentando como encantadores de serpentes, induzir o eleitor menos esclarecido a acompanhar, feito “maria vai com as outras”, o pensamento único disseminado por estas instituições. Que inclusive dispõem de um arsenal de explicações morais, éticas e até mesmo jurídicas, para os seus negócios. Vergonhoso.
Enfim, em tempos em que se modernizou o conceito de mentira, agora transformada em “fake news”, notícia mentirosas, os tais resultados podem confirmar, ou não, o que se prognostica como “verdade” na pretensão dos eleitores brasileiros. Ou não… sem que isso recaia do ponto de vista moral, ético e jurídico contra as mesmas empresas que podem ter sim feito a melhor “fotografia” da realidade brasileira antes das eleições. Mas, que igualmente podem distorcer, como fazem os bons caricaturistas, rostos, olhos, orelhas dos nossos candidatos que, para uns podem ser sérios ou desonestos, dependendo da preferencia do eleitor. Mas, com a somatória dos votos, no dia 2 de outubro, poderemos continuar mantendo a opinião de que as pesquisas eleitorais não servem para nada, nem para ninguém. Podem entrar na categoria de ficção científica, que aos olhos e uns e outro agradam, mas que desagradam profundamente a maioria de cidadãos de bem. Já meio fartos de falsos cientificismos, como o conceito de que a “estatística é uma ciência de meias verdades”.

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