Voto feminino, 90 anos da conquista

Por Rosângela Camolese | 24/02/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Hoje, 24 de fevereiro, a conquista do direito ao voto feminino registra 90 anos. O Código Eleitoral de 1932 previa que mulheres poderiam votar e serem votadas. No ano seguinte, a Assembleia Constituinte assegurou esse direito.
Historicamente, a participação feminina na política é absurdamente inferior quando comparada aos homens. Muitas mulheres, no entanto, têm sido eleitas como chefes de Estado e de governo. Tivemos grandes líderes mundiais do sexo feminino: Margaret Thatcher, primeira-ministra do Reino Unido, Dilma Rousseff, presidente do Brasil, Indira Gandhi, primeira-ministra da Índia, Golda Meir, primeira-ministra de Israel, Angela Merkel, chanceler da Alemanha, Cristina Kirchner, presidente da Argentina, Hillary Clinton, secretária de Estado dos Estados Unidos, Michelle Bachelet, presidente do Chile, entre outras.
No Brasil, registra-se como a primeira mulher Chefe de Estado, D. Maria I, Rainha de Portugal, Brasil e Algarves. A segunda foi D. Leopoldina que atuou como Regente em 1822,  assim como sua neta Isabel, em vários períodos.
No entanto, muito antes de 1932, a luta pela representação feminina já se fazia presente. Em 1912, Patos de Minas/MG elegia a vereadora Nilda Iris Vaz Borges.
Chegamos a 1922, quando acontece o 1º Congresso Feminino do Brasil, iniciativa da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, organização carioca liderada pela feminista Bertha Lutz em defesa dos direitos civis e políticos para as mulheres. Esta Federação é herança da Liga para Emancipação Intelectual da Mulher, que atuou entre 1919 e 1922. Desse movimento vieram resultados positivos como a criação da União Universitária Feminina, a aceitação de meninas no Colégio Pedro II, o voto feminino e as leis de proteção à mulher e à criança.  
Com o avanço do movimento, em 1929, Alzira Soriano obtinha 60% dos votos para prefeita de Lajes/RN, passando a ser a primeira mulher do Brasil e da América Latina a assumir o governo de uma cidade.
A partir da Constituinte de 1933, o efeito foi imediato. Nesse mesmo ano, Carlota Pereira de Queirós torna-se a primeira deputada federal por São Paulo. Em 1934, a piracicabana Maria Teresa Silveira de Barros Camargo, neta de Prudente de Moraes, é a segunda prefeita eleita e assume a Prefeitura de Limeira /SP. Maria do Céu Fernandes, em 1935, é conduzida à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Mesmo que paulatinamente, o país continuou elegendo mulheres. A primeira senadora brasileira foi Eunice Michiles, em 1979, e Roseane Sarney, em 1994, foi eleita a primeira governadora do país para comandar o Estado do Maranhão.
Apesar desses 90 anos com algumas conquistas, ainda hoje, nós, mulheres, temos uma representatividade política muito aquém da nossa força de trabalho. Somos 52% da população, 52,5% do eleitorado e quase metade das filiadas a partidos políticos. No entanto, temos menos de 15% de representação nos cargos eletivos.
Quem perde neste cenário é a sociedade, onde ainda predomina a desigualdade de gênero. Não reconhecer o potencial feminino e sua sensibilidade, seu olhar mais apurado, principalmente para as causas sociais, é um erro.
Encontramos dificuldades para acessar os espaços de poder, para sermos eleitas e termos voz ativa nas decisões políticas, ficando, infelizmente, à margem da construção das políticas públicas e enfraquecendo a democracia.

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