Desde 2020, quando a pandemia nos levou ao isolamento, todos, indistintamente, vimos sentindo os seus efeitos. Com a saúde física e mental sob outro foco, são constantes os relatos de casos de depressão, estresse, obesidade, sedentarismo, alcoolismo e incontáveis circunstâncias negativas trazidas pelo afastamento uns dos outros.
A causa é simples: o homem é um ser social, viver sozinho interfere no seu cotidiano. Se isso acontece com os adultos, imagine como ficou a cabeça das crianças em idade escolar, privadas da rotina.
A construção da nossa sociedade está calcada nas relações de convivência estabelecidas desde o primeiro núcleo, a família. É ali que a interação se inicia, seguindo para dentro da escola.
É na escola que os pequenos entram em contato com pessoas diferentes do pai, mãe e irmãos. É onde começam a conhecer e a conviver com o outro, cultivar afetos e entender as diferenças.
Ano passado, quando finalmente o retorno às aulas foi autorizado, acompanhei todo o processo dentro da minha escola. Foram momentos de muita emoção. A vibração do reencontro, o desejo de abraçar o amiguinho, o brilho de alegria no olhar, a necessidade de contar o que haviam feito… Mais que nunca ficou clara a importância da escola não só como espaço de aprendizado formal, mas como instrumento que se abre para a convivência social e afetiva. O princípio da vida em sociedade.
No contraponto da volta às aulas, acompanhamos nas últimas semanas mais uma situação de negacionismo e irresponsabilidade do governo federal. Autorizar ou não a vacinação de crianças de 5 a 11 anos. É tanto absurdo, tanta enrolação para uma decisão que a ciência mundial já reiterou como positiva e já aprovada pela Anvisa, difícil compreender.
Felizmente, a população brasileira tem consciência da importância das vacinas e, mesmo diante das fake news e da posição equivocada de Brasília, nosso índice vacinal é dos melhores do mundo.
Confirmando a conscientização do nosso povo, no último dia 7, a Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) São Paulo, divulgou resultados de uma pesquisa sobre a percepção que os responsáveis pelas crianças entre 5 e 11 anos tinham sobre a vacinação.
Foram entrevistadas, por telefone, 1127 pessoas residentes na cidade de São Paulo, sua região metropolitana e também no interior. Alguns dados eram esperados enquanto outros, surpreendem:
- 84% dos responsáveis pelas crianças pretendem vaciná-las;
- 91% dos responsáveis por aquelas que estudam na rede pública dizem que vão vaciná-las;
- 82% acham muito importante que sejam vacinadas;
- 74% entre os que têm ensino superior acham que a vacina é muito importante; entre aqueles que têm até o ensino fundamental esse índice é de 90%;
- à medida que cresce a renda familiar diminui a parcela que acha muito importante a vacinação das crianças: são 71% entre os que têm renda acima de 3 salários mínimos.
A íntegra deste levantamento pode ser encontrada em SEADE Pesquisa-Vacinação-infantil 07.01.2022.
Diante desses dados sou obrigada a reiterar minha admiração à consciência do povo brasileiro e meu respeito aos governos estaduais e municipais que contrariando o alto escalão brasileiro, se mantêm firmes no incentivo à vacinação. Todos entendem que o bem comum se torna possível pela ação de cada um. Vamos vacinar nossas crianças!
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