Pinacoteca: o que está acontecendo?

Por Rosângela Camolese | 28/10/2021 | Tempo de leitura: 2 min

Cada vez que abro os jornais e me deparo com novidades vindas da Semac, fico estarrecida. Nesta semana, pela quarta ou quinta vez, a notícia que parece requentada, diz que a Pinacoteca não recebeu manutenção, nem limpeza, que estava abandonada à deterioração e outras inverdades!
Tudo de ruim é culpa do governo anterior? Senhores, por favor, até quando vão administrar olhando pelo retrovisor? Mostrem a que vieram. Apresentem um plano de ação factível, discutido com os artistas, com a sociedade. Aprimorem tudo que já foi feito ao invés de acabar com o que existe.
Expondo dados mais concretos sobre o que afirmo, segue, resumidamente, o conteúdo de um artigo aqui publicado, em novembro de 2014, com o título “Recuperando o acervo da Pinacoteca”. Acompanhe:
“A Pinacoteca Municipal guarda mais de 700 obras adquiridas nos Salões de Arte Contemporânea – SAC, Belas Artes – SBA e doações. Elas compõem o acervo público e sofrem danos trazidos pelo tempo e pelo armazenamento inadequado.
Preocupados com a possibilidade de deterioração, programamos restaurá-las. Mas, antes, era necessário um espaço físico perfeitamente adequado.
Assim, ao longo de 2013, a área da reserva técnica recebeu limpeza especializada, descupinização e foram vedadas todas as entradas de ar, tornando-a hermeticamente fechada. Também foram instalados desumidificador, termo-higrômetro, ar condicionado e mapotecas para condições ideais de armazenamento.
No início de 2014, foram contratados avaliadores profissionais que apresentaram laudos de cada obra indicando que somente 15% delas, exigiam restauração. Eram 37 óleos, 41 em papel e seis esculturas. Dentro das possibilidades orçamentárias, foram priorizadas as obras em papel com rasgos, manchas e pó, exigindo um trabalho muito delicado realizado em São Paulo.
Eram gravuras, desenhos, aquarelas e pinturas, grande parte delas das décadas de 1960 e 1970 e a primeira obra patrimoniada pela Pinacoteca: Rosas, assinada por Olavo Ferreira da Silva, adquirida no SBA de 1953. Na etapa seguinte aconteceu a restauração dos trabalhos em óleo e esculturas.”
Com todo esse cuidado, deixamos a Casa das Artes preparada para abrigar adequadamente obras de grande valor. Demos um importante passo em prol da sua conservação, preservamos nossa memória histórica, cultural, artística e patrimonial. Lá estão trabalhos de Ermelindo Nardin, Archimedes Dutra, Joca Adamoli, Manoel Martho, Antonio Pacheco Ferraz, João Dutra, Alipio Dutra, Hugo José Benedetti e tantos outros ícones das artes plásticas piracicabanas.

Hoje, quando estão terminando a catalogação do acervo, reformulada com o sistema Sophia em 2019, verifica-se que, felizmente, foi ampliado para mil obras. Que bom que foram detectados somente poeira e alguns cupins. Resultado do que vinha sendo feito desde 2013 para criar excelentes condições de armazenamento.
Fico me perguntando se os mesmos critérios e cuidados que tivemos, serão tomados no Armazém 14A, antes que aconteça a propalada transferência de acervo. Pergunto-me também, quem é o atual administrador da cultura, com quem convivi durante tantos anos e agora desconheço? O que está acontecendo? Será tudo isso fruto de alguma conveniência? Lamentável!

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