A relativização da competitividade nas Olimpíadas: os arruinados pelo sucesso

Por Rogério Cardoso |
| Tempo de leitura: 3 min

Imagine a seguinte situação: durante toda a sua vida, você se dedica e abre mão de muitas coisas para poder realizar aquele sonho, que é o de ser um atleta olímpico. Você treina, estuda os movimentos, muda de estado, se sente sozinho u sozinha, as vezes cansado, mas vai em busca do seu sonho que é o de ir para uma olimpíadas. Não consegue a vaga, pois para isso, outras pessoas assim como você treinaram, estudaram, abriram mão de várias coisas para também estar lá e acabaram conseguindo esta vaga de estar em uma Olímpiada. E ai, no momento das Olímpiadas, a pessoa que foi em seu lugar, decide não mais competir, e você que poderia estar lá e lutar por uma medalha para seu país não pode estar lá para representar seu país.

Esta olimpíadas esta mostrando que mesmo entre os grandes atletas como Simone Biles e Novak Djokovic, lidar com o peso do sucesso acaba se tornando demasiadamente pesado pois este peso é também a sua capacidade de saber lidar com as frustrações e o insucesso que uma competição os leva.

Jorraram centenas de artigos, mensagens das mídias e etc…achando bonita a atitude da atleta Simone Bailes de não dar conta de tudo diante dos padrões “irreais” de uma perfeição e que isso se torna um peso muito grande para se carregar,ela sendo a campeã. Mas meu caro leitor, tudo bem cuidar da saúde mental, acho válido e realmente é complicado lidar com tudo isso, mas, no caso desta atleta, se ela já sabia do que estava acontecendo com ela há mais de um ano, por que não desistiu antes e permitiu que outra atleta que estivesse em melhores condições mentais fosse a competição?Erro não só dela, mas de toda a equipe de treinadores e psicólogos que persistiram no erro.

Novak Djokovic e Simone Biles que ao começarem a competir em Tokyo e diante da possibilidade de fracasso, travaram e desistiram para não terem que assumir para eles mesmos e para o mundo o que não conseguem mais se manterem no sucesso. Uma grande amiga minha psicanalista baseado em um texto de Sigmund Freud “Arruinados pelo êxito” relata que é mais difícil se manter no sucesso do que chegar ao sucesso. Mas quem é atleta, sabe que isso faz parte de uma carreira.

Não achei corajosa a atitude da atleta Simone Biles de desistir. No esporte ganhar,perder, ganhar novamente e por ai vai são fatores que nós fazem continuar, ir além e ir em busca. Isso é a Olimpíadas que remete aos Deuses do Olimpo. Corajosa seria a atitude dela se antes de ir à Tokyo, deixasse uma outra companheira de equipe ir no seu lugar. Corajoso seria a atitude do tenista Djokovic de jogar pela medalha de bronze e não desistir das duplas por não ter se saído bem nos individuais, e covarde foi sua atitude de deixar sua companheira de equipe nas duplas sem a possibilidade de lutar por uma medalha para ela e para seu país.

A autossotagem são processos pessoais que são afetados pelas emoções humanas e dos pensamentos de cada individuo. O medo do fracasso ou do sucesso e ou a perda dele é relacionada a nossa capacidade de ser resiliente, de não se vitimizar, e de saber lidar com as frustrações, que são comuns em todo atleta competitivo a mais comum ainda em um atleta olímpico.

Estas olimpíadas para mim como profisisonal da área e ex atleta esta mostrando a importância de uma área que esta diferenciando cada vez mais os medalhistas olímpicos: o da psicologia do esporte. É isso que esta diferenciando cada vez mais as performances dos atletas. É o psicológico que esta diferenciando o campeão dos outros. Chegamos a esta nova Era. Nunca antes foi tão importante cuidar da saúde mental. Mas nada de colocar a culpa nos outros. Sustente a sua escolha. E perder faz parte da vida,assim como vencer. Cabe a cada um de nós saber lidar com as frustrações, o que esta cada vez mais raro hoje em dia. Até a próxima

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