Abril

Por José Faganello | 28/04/2021 | Tempo de leitura: 3 min

Tríplice é a marcha do tempo: / o futuro aproxima-se hesitante, / o agora voa como seta arremessada, / o passado fica eternamente imóvel”. (Schiller)

 Abril é o quarto mês do calendário gregoriano, segundo mês da primavera no hemisfério norte e do outono, no hemisfério sul.

As civilizações sempre se preocuparam em elaborar calendários. São indispensáveis para utilizar de modo racional os dias, semanas, meses e anos, de acordo com os principais fenômenos astronômicos, principalmente os relacionados com a posição do Sol e, às vezes da Lua, determinantes para se ter boas colheitas.

A agricultura, base das primeiras grandes civilizações, surgidas às margens de históricos rios, como Nilo, Tigre e Eufrates, Indo, Ganges, etc., exigia dos agricultores conhecerem o período certo para suas atividades no campo, como vemos no livro do Gênesis, 9,22: “Enquanto a Terra durar, não deixará de haver sementeira, ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite”.

 O admirável filósofo Montaigne, em seus Ensaios, fez uma interessante comparação, entre as estações balizadoras das atividades agrícolas: primavera, verão, outono e inverno e nossas vidas: “Filosofar é aprender a morrer – se prestarmos atenção à sucessão de minhas quatro estações, elas abrangem a infância, a adolescência, a virilidade e a velhice do mundo”.

Nosso atual calendário é o gregoriano, pois foi estabelecido pelo papa Gregório XIII, em 1582. Alguns calendários antigos apenas subsistem  para usos litúrgicos de certos povos.

Abril, um dos meses do calendário gregoriano, é marcante para nós, pois foi em 22 de abril de 1500, que a expedição de Pedro Álvares Cabral, com destino às Índias, para tomar posse dos territórios descobertos por Vasco da Gama em 1498, aqui aportou no litoral baiano de Porto Seguro.

Paira até hoje a inútil discussão se essa descoberta foi por acaso (erro de rota) ou proposital (tomar posse do que já se tinha conhecimento). Como não há documentos comprovando uma ou outra hipótese, a dúvida permanece. Sou partidário da intencionalidade, pois a carta de Pero Vaz de Caminha, nossa certidão de nascimento, não exprime surpresa pela descoberta da terra, apenas por suas belezas naturais e extensão; aparentou espanto maior, aliado à admiração, pela nudez dos nativos.

Em 21 de abril comemora-se Tiradentes, entronizado herói pela República necessitada que de ao menos um herói.  Obrigando anualmente nossos estudantes rever os acontecimentos da Inconfidência Mineira, perceberem como, também naquela época, os que mais possuíam (donos das minas) mais sonegavam e, o  povo, não participava das decisões políticas. Os governantes, por sua vez, nenhuma piedade tinham para com os que ousavam desobedecer a suas iníquas leis.

Há, em abril, muitas outras comemorações: dia 07, dia mundial da saúde (em termos globais, pouco a comemorar), dia 08, do Dia do livro infantil; ensinar a criança o prazer da leitura é prover a pátria de cidadãos prestantes. É justo recordar dois ícones que empolgaram gerações infantis: Hans Christian Anderson e nosso esquecido, mas imortal Monteiro Lobato. Meu primeiro livro foi Reinações de Narizinho.

Dia 08 é o dia do correio, invenção providencial, concorrendo atualmente com o telefone, fax e internet; dia 13 é do dia do jovem, ou seja, do nosso futuro; dia 21, além de Tiradentes, da inauguração de Brasília, nossa ilha da fantasia e das trapaças.

Deixei para o final o 1º de Abril, praticamente o dia internacional da mentira, pois comemorado assim em muitos países.

Em minha infância e juventude, entre nós, era o dia da trapaça, de presentes fingidos e brincadeiras inocentes, que no máximo constrangiam levemente os incautos ou distraídos.

Atualmente, a banalização das trapaças danosas e muitas delas oficiais e as falsas promessas como enganosos presentes dados ao povo acabaram por desmoralizar a data. Cada dia há várias e absurdas mentiras nas manchetes, muitas vindas de quem jurou dizer a verdade.

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