Aquarelas: muita beleza e um pouco de história

Por Rosângela Camolese | 29/10/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Nascido em 2005 para suprir uma lacuna no rico cenário das artes plásticas piracicabana, o Salão de Aquarelas abre as portas de sua 6ª edição a partir da próxima terça-feira, 03 de novembro, ocupando os salões da Pinacoteca Miguel Dutra até 22 de dezembro, para deleite dos apreciadores desta delicada arte, admirada há séculos.

Esta é uma das mais antigas técnicas de pintura e seus primeiros registros estão há mais de 2 mil anos, na China. No Ocidente, passou a ser notada a partir da Idade Média, quando se produziam aquarelados sobre pergaminho. Datam de 1550 as obras de John White, considerado “o pai da aquarela”, registrando a vida, o ambiente e os costumes do Novo Mundo. Foi no século XVIII que a técnica passou a ser considerada independente e difundida pela Europa, passando a exercer grande influência nas artes plásticas no ocidente e no oriente.

Séculos atrás, em terras brasileiras, o pintor francês Jean-Baptiste Debret deixou sua marca como aquarelista. Ele foi um dos principais artistas da Missão Artística Francesa que veio para o Brasil em 1817, patrocinada por D. João VI. Ao chegar, Debret ainda estava impregnado de sua formação neoclássica. Aqui, no entanto, sua arte foi se transformando e logo começou a desenhar cenas da capital imperial. Seu senso de observação e riqueza artística acabaram por revelar uma espécie de leitura do Brasil, como se observa no livro Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, publicado em Paris, em 1831. Ao longo dos 15 anos que viveu por aqui, retratou desde cenas do cotidiano de escravos, índios e famílias, o movimento nas ruas do Rio de Janeiro, até grandes eventos da alta sociedade e da corte de Dom João, além de reproduzir a rica variedade da nossa fauna e da flora.

Em Piracicaba a aquarela também fez história. O patrono da Pinacoteca, Miguel Archanjo Benício D’Assumpção Dutra, o Miguelzinho Dutra, foi o nosso precursor da aquarela, tido como primeiro artista a pintar ao ar livre com cavalete, retratando paisagens em trabalhos que se destacavam pelo uso desta harmoniosa técnica.

Este 6º Salão de Aquarelas de Piracicaba confirma o acerto da nossa aposta de anos atrás. Inscreveram-se 138 artistas vindos dos estados de São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Goiás, Bahia, Distrito Federal, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Deles recebemos 537 obras para concorrer à seleção das 53 a serem vistas na exposição. O difícil trabalho de escolha dos melhores para serem expostos, ficou a cargo de uma competente Comissão de Seleção e Premiação formada por Luciana Casales (Brasília/DF), Ermelindo Nardin (Piracicaba) e Jorge Grisi (Rio de Janeiro/RJ).

Hoje, o uso da aquarela já não se limita a paisagens e cenas do cotidiano, mas também registra com maestria retratos e ricos detalhes de diferentes circunstâncias. Seus traços já não são mais puramente acadêmicos. Há muitos aquarelistas que se expressam com fortes pinceladas contemporâneas, o que valoriza ainda mais a técnica que, além de bela, mostra-se muito versátil.

E você é nosso convidado para trazer a família e os amigos à Pinacoteca e fazer um mergulho neste mundo das cores, da delicadeza e da beleza do nosso Salão de Aquarelas. Vida longa ao Salão!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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