Comerciante

Por José Faganello | 02/07/2020 | Tempo de leitura: 3 min

O comerciante sem dúvida nenhuma é o responsável pelo progresso. É ele que faz circular mercadorias, escoar a produção para colocar nas mãos do consumidor toda sorte de produtos. Sem ele a vida moderna será impossível e a dificuldade para se adquirir qualquer tipo de mercadoria, inimaginável.

O comércio, a cada dia que passa, se aperfeiçoa mais. No ramo de alimentos, por exemplo, o autosserviço sofisticou-se com a informática, agilizando sobremaneira a saída nos caixas.

Contudo, o comerciante carrega fama injustamente negativa. Este preconceito remonta à época medieval. A Idade Média tinha como característica uma sociedade estamental, isto é, subdividida em classes sociais estanques, onde quem nascia servo, jamais conseguiria alçar-se a outra classe superior. Por volta do Séc. 10 d.C. o superpovoamento dos feudos, as guerras e fomes provocadas por quebras de colheitas lançaram às estradas considerável número de seres, privados de tudo. Muitos deles dedicavam-se a pequenos tráficos, na maioria das vezes como marinheiros nos navios ou se integravam nas caravanas rumo às cidades longínquas. Fortunas novas surgiram, completamente fora dos esquemas tradicionais. Estes homens desafiavam os perigos das estradas, procuravam, com garra incomum, o lucro. Transgrediam constantemente a moral tradicional (o lucro era proibido pela Igreja). Os cronistas da época falavam de homens sem fé nem lei, sem escrúpulos, que “por seus usos e costumes diferem dos outros homens”. Eles, ainda, pretendiam atribuir-se um direito particular o jusforense - propugnavam por suas próprias cortes de justiça. Para se defenderem mutuamente, agrupavam-se em guildas, confrarias, hansas, cuja força se ligava ao respeito absoluto de um juramento coletivo. Outra repulsa que os mercadores provocavam era adquirir grandes fortunas sem produzir, o que era contrário a tradição e à ética habitual. Enfim, eles se colocavam fora dos quadros e desafiavam as mentalidades tradicionais da sociedade feudal e agrícola. Não só passaram a constituir uma nova classe social (a burguesia) como fizeram surgir as cidades medievais. Elas se opuseram fortemente aos senhores feudais. Conseguiram privilégios e liberdades, o direito de se administrarem, de se julgarem, designando para isso magistrados; tinham suas milícias, construíram muralhas. Acolhiam servos fugitivos, dando-lhes liberdade; de onde provém o velho adágio; alemão; “O ar da cidade liberta”. Concentraram a indústria têxtil e metalúrgica, antes dispersa na zona rural. A tecelagem até então confiada às mulheres passou a ser realizada por homens sob a supervisão dos mercadores, que se esforçaram por melhorar a quantidade e assim adquirir melhor preço.

Foram esses mercadores que, aliando-se ao rei, provocaram a derrocada do feudalismo e o surgimento do Estado Nacional cujos reis, aos poucos, concentraram em suas mãos o poder absoluto. Este poder absoluto tornou-se tão opressivo que provocou a reação burguesa: Revolução Francesa. Surgiu então a Republica e dela a democracia. Foram eles, portanto, os responsáveis pelos avanços sociais e jurídicos, ao longo dos tempos. E, foi dentro desta mesma burguesia que se levantaram as vozes a acusarem e combaterem através dos teóricos sociais, os abusos praticados.

Estamos todos passando um momento de perplexidade com a pandemia do coronavirus levando de roldão os membros de nossa sociedade. Todos estão sofrendo; imagine o comerciante,industrial e agricultor, tendo de fechar suas portas.

Eles são os responsáveis pela dinamização da economia.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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