Contínua mudança

Por José Faganello | 10/06/2020 | Tempo de leitura: 3 min

“Nada é permanente neste mundo cruel, nem mesmo os nossos problemas”. (Charles Chaplin)

Toda mudança ameaça a estabilidade e nos ocasiona insegurança.

O que percebemos no decorrer de nossas vidas são as contínuas transformações tanto em nós como em tudo o que nos rodeia.

O pequeno cresce; o grande diminui; os rios ora aumentam de volume, ora diminuem muito durante a seca; o novo envelhece; o velho fenece; ora há frio, ora um calor sufocante; minúscula semente transforma-se em árvore pujante; o bom fica ruim e o ruim melhor; enfim, o mundo está em permanente transformação.

Segundo os filósofos essas mudanças seguem leis rigorosas e toda transformação é a passagem de um estado ao seu contrário: quente – frio- escuro – claro, úmido – seco, vivo – morto, etc. Essas mudanças obedecem leis, não são caóticas.

Desde a remota antiguidade o homem preocupou-se em desvendar o mistério das contínuas mudanças. Na filosofia chinesa o conceito fundamental do Confucionismo e do Taoísmo baseia-se nas forças polarizadas do universo, cuja tensão e conflito resultam em equilíbrio, ordem e mudança. Nenhuma força tem supremacia sobre a outra, mas o poder de cada uma é cíclico, o que explica as contínuas alternâncias, pois toda a natureza é regida por forças binárias e alternantes.

Essa busca de uma racional explicação sobre a origem, ordem e transformação da natureza, incluindo os seres humanos, gerou muitas teorias e abarcou inúmeros pensadores, preenchendo todos os períodos da história humana.

Há aqueles que, com exceção das coisas más, acham que toda mudança deve ser temida, enquanto outros, escudados nos grandes progressos trazidos pelas inovações ao longo dos tempos defendem que, embora possam ocasionar abalos em nossa solidificada rotina, elas, as mudanças, trazem mais bem do que mal.

Rui Barbosa em “A Queda do Império” deixou-nos esse belo trecho: “Mudar é a glória dos que ignoravam, e sabem, dos que eram maus, e querem ser justos, dos que não conheciam a si mesmos e já melhor se conhecem ou começaram a conhecer-se”.

Já o grande romancista francês André Gide em seu “Os Moedeiros Falsos”, teceu, também ele, loas às mudanças: “O indivíduo quanto mais é de fundo generoso e quanto mais suas possibilidades se multiplicam, tanto mais fica disposto a mudar, tanto menos é inclinado a deixar que seu passado lhe decida o futuro”.

No entanto, ele, nada mais é do que um imenso palco onde cada um de nós tem de desempenhar sempre seu papel. Ao contrário dos convencionais teatros, já temos o cenário pronto, aliás, ultimamente esse cenário, proporcionado generosamente pela natureza, está sofrendo modificações indevidas pela ação do homem. Isso, muitas vezes de forma irresponsável, pois colocam em risco as vidas que compõem todo esse universo maravilhoso que nosso planeta proporciona.

Ela muitas vezes foi cruel, mas sempre nos ofereceu muito mais coisas boas do que más. Nós, em contrapartida, não estamos desempenhando o papel que nos coube uma vez que a irresponsabilidade e a ganância leva desmatar a Mata Amazônica e a Mata Atlântica Graves ainda é fabricação de produtos tóxicos e armamentos capazes de destruir toda vida sobre a terra.

Somos testemunhas de uma Pandemia que não nos deu nenhum sinal do que iria destruir e mudar de forma terrível.

Tudo indica que haverá muitas mudanças. Espero que não acabe com a dança.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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