Todo dia 17 de maio é dedicado à reflexão sobre a violência sexual que sofrem nossas crianças em todo território nacional.
Essa é uma realidade que encontro, uma ou duas vezes por semana: relatos de pacientes jovens ou adultos, homens ou mulheres que sofreram assédio e/ou abuso sexual na infância ou adolescência. Em boa parte dos casos o terapeuta é o primeiro (senão o único) a ficar sabendo do ocorrido.
E é óbvio que essa situação deixa sequelas físicas e emocionais com consequências horríveis na vida destas vítimas. As mais comuns são: rompimento de períneo (crianças), baixa autoestima, suicídio ou ideação suicida, depressão, prostituição e pedofilia e inúmeros casos de disfunção sexual na vida adulta.
Para ilustrar com dados estatísticos trago uma matéria do jornalista Guilherme Mazieiro sobre este assunto.
“Um levantamento apresentado pelo MDH (Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos) apontou que, no Brasil, em 40% das denúncias de casos de violência sexual de crianças ou adolescente, o agressor é o pai ou padrasto da vítima. Os dados são do balanço de 2019 de denúncias do Disque 100”.
“No geral, foram feitas 86,6 mil denúncias contra todos os tipos de violações de crianças e adolescentes no ano passado. Desses registros, 11% correspondem à violência sexual, o que significa 17.029 casos”.
“Esse dado geral de violações cresceu 13,9% em relação aos registros de 2018, quando eram 76,2 mil notificações. Já os dados específicos sobre violência sexual de crianças e adolescentes ficaram estáveis, segundo o MDH. Passaram de 17.073, em 2018, para 17.029, em 2019. A divulgação aconteceu nesta última segunda feira, 17 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes”.
Agressor de crianças ou adolescentes:
Padrasto - 21%;
Pai - 19%;
Mãe - 14%;
Tio (a) - 9%;
Vizinho (a) - 7%
"A criança tem sido alvo de crueldade, de violência. Infelizmente ainda no Brasil, a infância tem sido negligenciada. Estamos avançando, mas muito longe do ideal, afirmou a ministra da pasta, Damares Alves. Ela disse que o tema é de relevância para o Brasil e que há subnotificação de casos no país, inclusive há relatos de abusos sexuais contra recém-nascidos”.
A título de informação, a própria ministra já relatou em entrevistas anteriores que foi vítima de uma série de estupros quando era criança.
“O entendimento da pasta, em uma análise preliminar, é de que o aumento nos casos se dá por dois motivos: a quarentena, que deixa as vítimas mais tempo em casa - embora os dados apresentados hoje sejam de 2019 - e a otimização do serviço de denúncia”.
Violência sexual
Os números do Disque 100 indicam que a maioria dos abusadores é do sexo masculino em 87% dos registros e, igualmente, de idade adulta, entre 25 e 40 anos, para 62% dos casos. A vítima é adolescente, entre 12 e 17 anos, do sexo feminino em 46% das denúncias recebidas. O levantamento da ONDH permitiu identificar que a violência sexual acontece, em 73% dos casos, na casa da própria vítima ou do suspeito.
O Disque 100 é gratuito e funciona 24 horas por dia, inclusive em feriados e nos finais de semana.