Entusiasmado com este papo, Airton decidiu aprofundar-se no assunto.

Após assistir a uma palestra, achou-se na obrigação de continuar em seu aprendizado e, ainda, iniciar um proselitismo para conseguir quem, com ele, compartilhasse desta nova e inesperada iluminação.

Desiludido, constatou quão poucos estão dispostos a investirem no espírito, ao descobrir que apenas o caseiro de sua chácara, segundo os que a conhecem é belíssima, aceitou acompanhá-lo. O tema da palestra era Chakras.

Nem passou pela cabeça do Airton alertá-lo que iam para uma palestra teosófica.

Acomodados numa sala em companhia de mais dez pessoas, passaram a ouvir uma preleção mais ou menos nestes termos: “Segundo a filosofia esotérica, o ser humano é uma criatura ‘setenária’, governada pelo espírito com sete princípios constitutivos. Os homens costumam falar de sua alma como se o corpo fosse seu verdadeiro ser e a alma algo cativo deste corpo. Esta afirmação é errônea, o homem é uma alma que possui um corpo ou, em realidade, vários corpos, pois além do corpo visível tem outros invisíveis à visão ordinária, com as quais se relaciona com os mundos, emocional e mental. Os Chakras, ou centros de força, são pontos de conexão ou enlace pelos quais flui a energia, de um a outro veículo ou corpo do homem. São centros magnéticos vitais, que fazem parte da natureza oculta do ser humano. Vocês irão aprender como despertar e ativar sucessivamente cada um dos sete Chakras pela meditação e pela força de vontade. Este é o método seguro para abrirmos as portas de um novo mundo, até aqui fechado em nosso interior. Vocês aprenderão a desenvolver progressivamente os seus centros magnéticos vitais e, assim terão uma vida mais completa, mais feliz e espiritual.

Libório, o caseiro, que até então, olhos arregalados, tudo ouvia, sem nada entender, virou-se para o Airton e, embora tentando cochichar, falou com o patrão num tom de voz perfeitamente audível por todos:
Patrão, o home proseia bunito, mas quando ele vai ensiná a cuidá da sua chacra?

Encabulado, Airton foi obrigado a ver parte dos assistentes mal contendo o riso, enquanto os outros fuzilavam, com olhares de reprovação, o neófito inconveniente.

Esse artigo consegui escrever porque um amigo meu já falecido, tinha me emprestado umas folhas das quais coloquei, mas palestra na e o final dela é verdadeiro.