Quarentena: aproximação ou crise nas relações?

Por Luiz Xavier | 22/04/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Muitos já devem ter recebido nos seus “zaps ou “faces” vídeos, áudios ou textos engraçados a respeito do que está acontecendo nos relacionamentos intrafamiliares por conta do “confinamento” obrigatório (?). Porém, tirando a parte cômica, o que observamos é um “aceleramento” das diferenças (que já existiam antes da pandemia) entre seus membros. Muitos estão estranhando e não estão sabendo lidar com a “novidade” da situação. Apresento uma reflexão da colega e amiga, a dra. Arlete Gavranic – Psicóloga e Terapeuta Sexual, sobre essa atual realidade.

“O mundo está de quarentena em função do Covid19. O receio de ser contaminado ou de perder pessoas queridas é vivido por todos. Para os que fazem parte do grupo de risco, isso vem com muito medo! Mas essa convivência forçada, não planejada por ninguém, e limitada ao ambiente doméstico, não tem ‘energia de férias’ e pode estressar.

As pessoas que moram sozinhas podem estar vivendo este momento prolongado de isolamento social com estranhamento, pois apesar de morarem sozinhas, em outros momentos não ficam necessariamente isoladas, pois possuem uma interação social em sua rotina e todas essas atividades foram restritas, principalmente para idosos e pacientes de risco. Aí pode bater a angústia e um estado depressivo, solitário. Conversar com amigos e familiares é importante, se for idoso, será importante conversar por telefone ou ‘whatsapp’, isso traz a sensação de interatividade e minimiza a sensação solitária.
Muitos solteiros(a) e descasados(a), apesar de alguns estar em home office, também partilham desse sentimento solitário, e a interação virtual ajuda bastante.

Já nas famílias maiores, para os que tem que trabalhar em ‘home office’, a organização de uma rotina é imprescindível. É preciso criar uma dinâmica para dar atenção aos filhos, às atividades escolares, agora com ensino à distância. Soma-se a isso, dar conta da casa, da alimentação e de criar momentos de descontração frente ao estresse do confinamento. A disciplina com filhos é necessária: hora para acordar, dormir e para cada atividade. A noção de limites e respeito às regras passadas pela família serão testadas nesse momento.

Crianças menores necessitam de um acompanhamento maior, pois têm menos autonomia para as atividades. Para isso, pais podem intercalar horários de estudo (cada um orienta um pouco) com filmes/desenhos e jogos virtuais para que eles consigam dar conta de suas atividades profissionais. Terminado o horário de trabalho, importante que todos participem da organização da casa, como também fazer uma atividade de entretenimento em grupo, como jogos por exemplo. Pode ser uma ginástica em família para ajudar a movimentar o corpo.

Vida sexual

A Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia orientou que: ‘Na ausência de contaminação dos parceiros, parceiros fixos e isolados em casa, sem história de contatos, a prática sexual pode ser livre, de acordo com o desejo do casal’.

Para os que trabalham em situação de interação social, ou seja, com risco de exposição e possível contaminação (mesmo com cuidados de distanciamento e higiene), bem como os solteiros, descasados ou desacompanhados, esses precisam viver o distanciamento físico, mas não o distanciamento emocional. Aí vale um bom papo virtual e a prática da masturbação.

É importante neste período não alimentar sentimentos de tensão, raiva ou desespero. Por isso a quarentena é uma oportunidade para se autoconhecer e reaprender a convíver com seus familiares”.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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