A Crença

Por José Faganello | 15/04/2020 | Tempo de leitura: 2 min

Acreditar, ter fé, desvendar mistérios insondáveis, sempre foi uma indispensável necessidade humana. Bonitas lendas, mitos, crendices, tentam explicar aquilo para o qual não se encontra explicação.

O confronto entre crentes e cientistas foi se agravando com o passar dos tempos. Aqueles, não aceitando ver suas crendices serem desmistificadas pela ciência, estes, muitas vezes mostrando-se demasiadamente pretensiosos.

Jonh Horgan em seu livro “O Fim da Ciência”, afirma que a humanidade está chegando ao fim de sua capacidade de aprendizado, uma época gloriosa em que todas as leis da natureza foram descobertas. Sem dúvida esta é uma afirmação eivada de um triunfalismo pretensioso e falso.

Eurípes Alcântara no artigo, “Fronteiras do Desconhecido” elenca 50 perguntas, até hoje, sem respostas. Entenda-se aqui, respostas científicas e não respostas baseadas em tradição, fé inabalável, crendice. Entre elas encontramos: por que o universo existe “? Como a vida surgiu na Terra ? Em que lugar surgiu o primeiro homem? Por que ele evoluiu?

Ao comentar a primeira pergunta ele afirma que além do homem não conseguir, até hoje, responder baseado naquilo que ele vê e até pode tocar, outra mais difícil ainda sê-lhe depara: 99% do universo é feito da chamada “matéria escura”, uma substância totalmente misteriosa e sobre a qual nada se sabe.

Uma constatação palpável é a progressiva perda da fé. Hoje, os meios de comunicação tornam públicas e universais notícias, afirmações e desmistificações que antes eram sonegadas para as multidões. Sem a fé, instituições, governos, seitas, agrupamentos, partidos, não têm como manter coesos seus seguidores.

O povo judeu conservou-se unido até hoje, graças à sua fé. Sobreviveu a todas as perseguições, reagrupou-se após 3 diásporas e confiante de sua predestinação de “povo escolhido” manteve-se coeso.

Os cristãos enfrentaram a poderosa organização do Império Romano. Estribados numa fé inabalável, superaram inenarráveis torturas e grandes perseguições , impuseram sua fé, primeiro aos romanos, depois aos bárbaros e finalmente à grande parcela da humanidade, espalhando-se por todos os continentes.

O Nazismo, com sua crença na superioridade ariana fanatizou um povo, teoricamente imune, pela sua cultura, àquela barbárie. Na guerra que provocou, a besta-fera andou solta de ambos os lados, deixando os sensatos em dúvida quanto à sanidade humana.

A crença dá sentido à vida dos humanos e torna-se uma alavanca poderosa para mover pessoas e aglutinar multidões que, se deixam degradar por fervorosos e insensatos entusiasmos.

Atualmente, democracia é apregoada como o melhor sistema para manter um povo feliz.

O império romano caiu quando a corrupção fez o povo perder a fé em seus imperadores e deuses.

Nossa democracia está correndo o mesmo risco. Uma corrupção avassaladora está difícil de debelar. Ela corrói sua credibilidade e provoca a perda da fé na representação popular. Muitos passam a suspirar por algum “salvador”, um Hitler tupiniquim.

Oxalá o atual vírus diminua aqueles que estão prejudicando há muito tempo nosso país.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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